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23 de abr. de 2011

DIETOTERAPIA


1)    Evite líquidos ás refeições,pois eles diminuem as enzimas e dilatam o estomago.
2) Evite leites e derivados,pois são mucogênicos. A lactose pode provocar alergias respiratórias,sinusites,rinites,bem como diminuir a função energética do baço,dificultando a digestão e a formação de energia e sangue.
3)    Deixe as sobremesas para 3 a 4 horas após as refeições.
4)   Prefira consumir iogurte natural,o organismo absorve mais.o cálcio e a lactose transformados não causam danos.
5)   Diminua o consume de carne vermelha e aumente o consumo de peixes,como o salmão e atum,que são ricos em cálcio e ômega-3.
6)    Prefira o frango caipira,a carne de frango de granja contem hormônios.
7)    Prefira azeite extra virgem ao invés de óleo.caso consuma óleo,prefira o de canola.
8)    Prefira alimentos integrais,como pão,arroz e farinha de trigo.
9)    Substitua o café,mate,chá preto e refrigerantes por sucos naturais,água mineral,e água de coco.prefira adoçante stevia que é muito mais saudável.
10)  Aumente o consumo de alimentos ricos em cálcio,como folhas escuras,soja,tofu,salmão,atum,gérmen de trigo,gergelim.
11)  Não coma nada antes de dormir.contudo,se não puder evitar,prefira um iogurte,uma salada de folhas ou um prato de sopa.
12)  Evite frios (salame,presunto,mortadela),pois possuem muitos conservantes,além de gordura saturada.
13)  Utilize leite de soja para o café da manhã.
14)  Troque o açúcar refinado por melado,mascavo ou mel.
15)  Evite algumas frutas,como caqui e manga,pois depreciam a função do baço e podem levar a edemas e quadros alérgicos respiratórios.
16)  Em caso de tensão psicológica,utilize as folhas verdes amargas,como rúcula,alface e chicória,pois são calmantes.
17)  Sopa de raízes,como inhame,cará ou aipim,são grandes tônicos de energia e sangue.
 Obs: e lembre-se “o nosso corpo é a nossa casa,nós somos o que comemos,e podemos mudar alguns hábitos para sermos mais felizes,afinal estar é momentâneo, precisamos ser.”
Bibliografia: Do livro
ACUPUNTURA ESTÉTICA E NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA PLÁSTICA

Terapias de Desintoxicação

Hipócrates, o "Pai da Medicina", há quase 2.500 anos, recomendava: "que o teu alimento seja o teu remédio e o teu remédio seja o teu alimento".
Portanto, a cada refeição devemos nos lembrar: amanhã, este alimento será meu sangue.
O que usamos como alimento determina a qualidade de nosso sangue, que por sua vez influencia o desempenho das células, órgãos e sistemas. Se o sangue for rico de nutrientes e desintoxicado, as células serão vigorosas, eficientes, integradas: saúde verdadeira.
Mas para acordar o organismo para esta nova forma de “viver”, é preciso:
- Estar diariamente buscando uma nova forma de alimentar-se.
- Estar periodicamente permitindo o alívio das cargas tóxicas presentes no organismo.
Existem várias formas de se desintoxicar, desde a prática diária dos sucos desintoxicantes, que é a proposta do meu livro Alimentação Desintoxicante – editora Alaúde, até programas de 1, 2, 3 ou mais dias. Porém, qualquer que seja o programa de desintoxicação; sempre serão os alimentos crus e vivos os empregados. Somente eles são altamente energéticos e ricos em enzimas, condições estas que permitem ao organismo se livrar de toxinas em uma velocidade gradual e segura.
Esperar que toxinas acumuladas durante toda uma vida, sejam eliminadas em um curto período de tempo não é sábio. Um processo gradual de desintoxicação permite ao organismo ir se ajustando às mudanças sem passar por perigosas "crises de cura" e distúrbios emocionais.
É claro que, dependendo da condição de saúde e dieta anterior, se pode experimentar algumas mudanças temporárias. Relaxe e confie na sabedoria interna de seu corpo. Com alimentos vivos, o organismo se purifica em ciclos, na sua velocidade própria. Estas mudanças acontecerão e, mais purificada, a pessoa irá descobrir que tem uma nova disposição de vida. Observar aumento de disposição e de energia, que é esperado durante todo trabalho de desintoxicação.

DESINTOXICAÇÃO COM SUCOS
- 1 dia inteiro só com líquidos ou
- 1 a 3 sucos/dia tomados diariamente (1 em jejum + 2 nos intervalos das refeições principais)
Abster-se de qualquer alimento sólido, favorecendo assim a eliminação de toxinas e gorduras. Beber 5 copos de 200 ml de suco de frutas ou verduras cruas. Por exemplo: suco de laranja, tangerina, lima, abacaxi, mamão, melão, caqui, figo, maçã, pêra, uva, cenoura, beterraba, etc. Os sucos de frutas podem ser misturados entre si e os sucos de verduras de igual forma; mas não se deve misturar sucos de frutas com sucos de verduras. Os sucos devem ser naturais, a partir de vegetais crus e tomados imediatamente após seu preparo. Devem ser tomados lentamente, ensalivando cada gole antes de engolir. Não acrescentar sal nem açúcar. Não os tomar gelados. Toma-se um suco a cada 3 horas. Entre os sucos devem ser tomadas 2 a 3 xícaras de chá de ervas e bastante água. Repouso, pouco exercício, lavagem intestinal (enema) de 2 litros de chá de camomila ou cavalinha morna todos os dias.
 
DESINTOXICAÇÃO COM FRUTAS
Comer 3 refeições de aproximadamente 300 gramas de frutas cruas, frescas e maduras por dia. Usar somente 1 a 2 qualidades em cada refeição e não misturar frutas doces com ácidas. Mastigar muito bem.
Exemplo de cardápio para 1 dia: - Desjejum: mamão e banana - Almoço: abacaxi e morangos - Jantar: pêra e maçã.
Entre as refeições pode ser tomado um suco de frutas ou de verduras e uma xícara de chá de ervas com gotas de mel, além de bastante água. Fazer enema com 1/2 litro de água fria previamente fervida caso não haja evacuação intestinal.
 
DESINTOXICAÇÃO COM MONODIETAS
Comer uma única qualidade de alimento/dia, em 3 a 5 refeições, e tomar somente água nos intervalos. Exemplos:
- Manga, se houver obstipação intestinal (laxante);
- Melancia para reduzir inchaços (diurética);
- Caqui para aliviar o fígado;
- Figo para cicatrizar uma úlcera de estômago;
- Banana madura para moléstias do intestino;
- Integradas com o limão para alcalinizar o sangue muito ácido.
- Arroz integral, para alcalinizar o sangue.

As monodietas de frutas devem ser feitas por somente 1 dia. A de arroz integral pode durar até 10 dias.
Na monodieta a digestão é leve e rápida e libera energias para a desintoxicação orgânica. Além disto, sempre haverá uma perda de peso e uma regressão de inchaços, por causa da ausência de sal.

DESINTOXICAÇÃO COM ALIMENTAÇÃO CRUA
Comer somente alimentos crus, 3 vezes ao dia e beber sucos de frutas ou verduras cruas, 2 vezes ao dia, além de chá de ervas e água. Exemplo de uma dinâmica diária:
Manhã
Das 7 às 10 horas – Líquidos (suco de clorofila, água, Rejuvelac, suco de frutas, vitamina cremosa)
Das 10 às 11:30 horas – Frutas
Tarde
12 horas – Refeição completa (sopa de energia + salada básica diária)
15 horas – Lanche (salada de frutas, mousse de frutas, vitamina cremosa, fruta ou desidratados ao sol)
17 horas – Frutas
Noite
19 horas – Refeição completa (sopa de energia + salada básica diária)
22 horas – Lanche (vitamina cremosa ou desidratados)
- Beba água antes de sentir sede
- Beba líquidos somente 30 minutos antes ou 1 hora após as refeições principais
- Mastigue muito bem os alimentos
 
DESINTOXICAÇÃO COM ALIMENTAÇÃO PREDOMINANTEMENTE CRUA – 14 dias
Primeira FASE: 3 dias consumindo somente líquidos
Durante este período será proporcionado ao organismo um descanso na digestão de sólidos, como também um preparo para o cólon, para iniciar a administração de enemas.
Durante estes 3 dias a pessoa poderá estar desempenhando suas funções de rotina, apesar dos procedimentos de limpeza e purificação internas. Portanto, nada de fome nestes dias. Alimentar-se bem, ingerindo – em forma liquida – uma “refeição” de 3 em 3 horas. Na necessidade de mastigar algo, permita-se uma fruta.

Sugestão para estes três primeiros dias :      
- 2 copos de suco verde (clorofila);
- Água a vontade;
- Sopas cremosas a vontade;
- 1 Sopa de energia;
- 1 Suco de melancia.

Segunda FASE: 2 semanas
No terceiro dia da desintoxicação deverão ser iniciados os enemas (lavagem intestinal). Faça no mínimo 1 enema/dia durante estas duas semanas, pois o cólon estará recebendo uma grande quantidade de toxinas e desta forma, precisa-se evitar a reassimilação destas toxinas pelo organismo, além de acelerar o processo de purificação interna.
Durante estas 2 semanas, as elevadas excreções tóxicas e a prática dos enemas, poderão gerar um desequilíbrio da flora intestinal. Portanto, é importante que os lactobacilos sejam repostos, encontrados em abundância nos alimentos fermentados.
Nesta fase é permitido se alimentar também de sólidos, logicamente não processados (refinados, industrializados, etc.) e não cozidos.
Aproveite para reaprender a mastigar bem os alimentos. Volte à dieta líquida sempre que sentir que seu organismo pede, contudo evite mais que 3 dias.
Observação: A duração de cada desintoxicação curativa depende de uma orientação médica. Mas, após os períodos de desintoxicação intensiva, recomenda-se adotar definitivamente uma alimentação saudável: desintoxicante, revitalizante e restauradora do equilíbrio orgânico.
- Comer sempre alimentos crus no início de cada refeição;
- Comer diariamente no mínimo 50% de alimentos crus;
- Comer sempre um pouco menos do que se deseja comer;
- Evitar açúcar, principalmente o refinado, frituras e refogados gordurosos. Usar pouco sal e, moderadamente azeite de oliva ou óleo vegetal prensado a frio.
- Evitar todos os alimentos desintegrados, como o arroz branco, a farinha branca e seus derivados, substituindo-os pela versão integral, feitos em casa;
- Evitar vinagre, mostarda, pimenta, todas as conservas, chá preto e mate, álcool, chocolate, fumo, bombons e doces processados (mesmo os caseiros);
- Evitar carnes, embutidos, linguiças, queijos picantes ou gordurosos. Quando necessário, consumir somente ricota magra ou queijo Minas fresco (magro);
- Planejar o horário das refeições. Deve haver um espaço de 3 a 5 horas entre elas;
- Não comer entre as refeições (3 vezes/dia). Se houver vontade, tomar sucos de frutas, de verduras ou chá;
- Não beber líquidos nas refeições. Deixar para fazê-lo até 1/2 hora antes ou 1 hora depois das refeições;
- Não comer mais do que 2 a 3 ovos por semana (dar preferência aos de galinhas caipiras);
- Não usar sobremesa nem frutas após as refeições de verduras;
- Mastigar bem os alimentos. Comer com calma e em ambiente tranqüilo;
- Após as refeições, não deitar para dormir ou ler imediatamente, mas movimentar-se (caminhar) durante 15 a 30 minutos, para facilitar a digestão.

13 de abr. de 2011

A respiração e o Qigong


A respiração no Qigong é por vezes chamada de Tu Gu Na Xin, cuja tradução significa "Expelir o velho, inspirar o novo".
A respiração no Qigong tem como objetivo aumentar a absorção do Qi Puro, o que aumenta a vitalidade do corpo, harmoniza o Qi e o Sangue de forma a promover a saúde e eliminar a doença. A respiração é também uma ligação entre o corpo e a mente e, ao controlar a qualidade e o movimento da respiração, pode-se modificar certas funções fisiológicas.
Exercícios respiratórios são especialmente eficazes na redução da ansiedade, depressão, irritabilidade, tensão muscular e fadiga. Também são particularmente úteis em casos de hipertensão, hiperventilação, frio nos membros e fobias. O papel dos Pulmões na respiração e no Qi Como se sabe, os Pulmões controlam o Qi do organismo, embora o Qi do Rim também seja responsável na absorção do Qi (na inspiração, o Qi desce através do tórax e é recibido pelo Rim, que ajuda o Pulmão a regular a respiração). O Yuan Qi (Qi original)dever ser sempre nutrido pela energia dos alimentos e do ar.



A absorção interna dos alimentos e do ar estão dependentes de uma boa circulação da energia dos Pulmões. Os antigos mestres de Qigong acreditavam que a saúde física e emocional eram profundamente afetadas pelos padrões respiratórios e pela quantidade de oxigénio que era absorvida, em proporção à quantidade de dióxido de carbono que era expelida. Hoje em dia, comprova-se que uma respiração relaxada e natural causa as células a consumir menos energia e, por outro lado, a aumentar a reserva desta mesma.
Os antigos mestres recomendavam uma respiração vigorosa no treino do Qigong e uma respiração mais suave depois do treino de Qigong de modo a nutrir e restaurar o Qi.Várias pesquisas científicas, conduzidas nos fins do século XX, verificaram que a respiração profunda no homem, produz a libertação de uma substância chamada "endorfina", que afeta o cortex cerebral e ajuda o homem a esquecer e eliminar da memória receios e medos, atuando também no controle e regulação dos vários orgãos. Verificou-se também que a endorfina é eficaz na manutenção do conforto mental e físico. Padrões respiratórios e o efeito das emoções Os padrões respiratórios estão diretamente ligados as emoções e pensamentos da pessoa. Uma mudança de uma destas condições afeta todas as outras. Todas as cinco emoções primárias têm um efeito na circulação do Qi e, consequentemente, no padrão respiratório.

1. A raiva faz o Qi subir. Um paciente com raiva terá a exalação mais forte que a inalação.
2. A tristeza e o pesar dissolvem o Qi. Um paciente triste terá a inalação mais forte que a exalação. (O suspirar é uma reação do corpo de inspirar o Qi diretamente para os Pulmões).
3. O medo faz o Qi descer, o choque dispersa o Qi. Um paciente assustado terá uma respiração acelerada, superficial e "presa" nos Pulmões como consequência do Rim não reter o Qi. Num paciente que sofreu um choque, a respiração para e o Qi ataca o Coração.
 A excitação retarda o Qi. Um paciente excitado terá uma respiração moderada mas irregular, com repentinas explosões.

5. A preocupação prende o Qi. Um paciente preocupado ou muito refletido terá uma inalação curta e fraca, por vezes contida durante algum período de tempo seguida duma rápida inalação e exalação. Pode também suspirar durante longos períodos de tempo. A relação entre a respiração e o sistema nervoso.
Os seres humanos respiram continuamente durante todo o seu tempo de vida. Em média,18 vezes por minuto, 1080 vezes por hora e 25920 vezes por dia. A respiração é normalmente, um ato inconsciente, realizado devido apenas à necessidade fisiológica de trocas gasosas. Vários outros estudos, no entanto, conseguiram ligar as alterações dos estados emocionais à velocidade da respiração. Todos os orgãos e tecidos do corpo humano estão sobre o controle do sistema nervoso central, uma série de plexos e feixes que ligam o cérebro ao resto do corpo. As práticas respiratórias aumentam a circulação da energia por todo o organismo, estimulando assim o sistema nervoso central por inteiro, facilitando os reflexos e a troca de informação deste com o cérebro. Equilibram igualmente o sistema nervoso simpático e parasimpático, melhorando as funções estimuladoras e inibidores dos hormónios destes. Respiração e os orgãos digestivos Os orgãos digestivos, como o a cavidade bucal, o esôfago, o estômago, o duodeno, os intestinos grosso e delgado, etc desempenham um enorme número de funções fisiológicas essenciais nomeadamente a digestão e absorção de substâncias nutritivas no organismo.

Se houver um desiquílibrio nessas funções poderão surgir dificuldades digestivas como dores abdominais, gastrites, úlceras, ptoses, alterações do trânsito intestinal, etc.


Uma respiração abdominal profunda promove uma massagem contínua dos orgãos internos e digestivos. Entre todos os vários orgãos internos do corpo humano, o diafragma, que separa o tórax da cavidade abdominal, e os músculos abdominais estão sobre o controle da vontade humana, visto serem músculos voluntários. Entre as várias funções aqui se apresentam algumas que são melhoradas com a respiração abdominal:

• Estimulando, direta e indiretamente, o estômago, fígado, rins, intestinos favorecendo a secreção de enzimas digestivas e ajudando-as na absorção das substâncias nutritivas.

• Imprimindo um movimento rítmico ao intestino grosso e delgado, melhorando os movimentos intestinais.

• Eliminando a gordura excedente dos intestinos e da parede abdominal e melhorando a excreção de matérias residuais.

• Incentivando a absorção de líquidos e facilitando o funcionamento dos rins.A prática destes exercícios respiratórios pode ser acompanhada por borburismos, arrotos ou libertação de gases, o que indica uma boa realização do movimento abdominal.


Respiração e sistema circulatório O sangue e os vasos sanguíneos do sistema circulatório funcionam como o meio de transporte vital do organismo. Ente os orgãos deste sistema, a aorta e a veia cava desempenham um papel decisivo, pois são responsáveis pelo transporte de substâncias nutritivas e oxigênio por todo o corpo e pela função de drenagem de produtos residuais. Quando o sangue não circula adequandamente, os músculos, ossos e as várias células do corpo deixam de receber o suprimento de oxigênio e recursos de energias necessários ao seu funcionamento. Da mesma forma, esses orgãos e células não eliminam o dióxido de carbono e outros resíduos que se acumularam no seu interior. Devemos também que uma circulação sanguínea inadequada pode privar o cérebro e suas células destes processos de trocas nutritivas. Isso pode provocar uma acidose e, em casos mais graves, a destruição irreversível das estruturas celulares. Os exercícios respiratórios aumentam a circulação do sangue pelo corpo, evitam o acúmulo do colestrol no sangue e retardam o estabelicimento de doenças como a arterioesclerose e a trombose.
Aumenta também a circulação dos glóbulos vermelhos e brancos.
Respiração e o sistema capilar
Os capilares se expandem e contraem sobre o controle do sistema nervoso central. Um homem em repouso impulsiona cerca de 50 a 60 cm3 de sangue no sistema arterial a cada contração do coração. Em atividade, este volume de sangue aumenta para os 80 a 100cm3. É essencial que esta circulação seja uniforme de modo a reduzir o esforço do coração. Se os capilares se ampliam, um maior volume de sangue fresco é levado a todas as partes do corpo. Uma respiração plena e profunda permite que estes vasos se ampliem e reforça a expansão dos capilares sanguíneos. Há normalmente 2000 capilares por mm2 de tecido subcutâneo. Em repouso, apenas 5 destes 2000 capilares estão ativos, em exercício respiratório ou atividades esportivas, todos estes 2000 capilares funcionam ativamente na circulação do sangue. Eles pulsam com regularidade e atuam como pequenos corações na circulação do sangue. Os métodos de inalação e exalação profunda Nos exercícios respiratórios, a inalação é usada de forma a absorver o Qi universal e do ambiente de forma a tonificar. A exalação é usada de forma a eliminar o Qi tóxico (ou impuro) do corpo. Isto pode ser conseguido, por exemplo, através de visualização.

O método de inalação profunda pode ter os seguintes efeitos no corpo:


• Estimular o sistema nervoso simpático.

Por outro lado, a exalação profunda pode ter o efeito oposto:

• Estimular o sistema nervoso parassimpático.

• Dilatar os vasos sanguíneos.

• Baixar a pressão arterial.

• Diminuir o ritmo cardíaco.
A exalação profunda ajuda a energia Yin a descer, portanto atua em desíquilibrios que se manifestam por uma predominância do Yang Qi. A inalação profunda ajuda a energia Yang a subir, e tem um efeito de manter o Yang e acalmar a mente. Portanto, no ínicio deve-se focar a mente no método de exalação, de forma a estimular o sistema parasimpático e relaxar. Após essa fase, pode-se focar na inalação e exalação profunda.Bases da Técnica Respiratória As técnicas respiratórias de Qi gong consistem em exercícios de regulação, tonificação ou purgação de acordo com o fim pretendido. Há quatro bases que se devem seguir para atingir os resultados ideais.
1. Uma postura correta antes do exercício. É necessário começar com uma fundação sólida e uma estrutura correta. Os exercícios respiratórios só devem ser executados quando o praticante dominar a postura. De outro modo podem surgir efeitos adversos nesta prática (dores de cabeça, problemas emocionais, acúmulos de energia no peito ou dificuldades respiratórias).

2. Purificar e limpar o Qi do corpo. Após o alcance de uma postura correta, o praticante foca a mente na exalação através da boca. Visualiza todos os canais obstruídos do corpo a serem purgados do Qi Impuro. A cada exalação deve-se relaxar cada vez mais o corpo. De seguida, devem inalar o Qi puro através do nariz. Aqui usa-se a técnica da Respiração Abdominal Natural que iremos focar adiante. O corpo continua a relaxar a cada respiração.
3. Tonificar e purgar o Qi. Depois do Qi do corpo ser purificado, o praticante
foca a sua intenção em todos ou alguns orgãos específicos que precisem de ser purgados. Estes exercícios incluem a focalização na exalação e/ou a exalação de sons específicos dos orgãos a serem purificados. Depois desta etapa, o praticante pode então dar início a tonificação do Qi. Isso inclui a focalização da atenção na inspiração bem como a visualização de cores específicas dos orgãos a ser tratados.
4. Regular o Qi. Depois da prática respiratória, a etapa final consistirá em atingir uma respiração natural, longa e profunda. Uma respiração acelerada causa o Fogo interno do corpo a escapar para os poros, resultando numa aceleração do Coração, excesso de calor e irritabilidade. Uma respiração normal consiste num padrão regular de exalação e inalação. O praticante deve evitar acelerar este padrão, caso contrário, o ritmo da respiração é interrompido e leva a um desvio na circulação do Qi. As Sete Técnicas de Respiração. As Sete Técnicas ajudam a regular os sintomas causadas pelo Excesso do Yang e Deficiência do Yin, que são manifestadas por demasiada energia na parte superior do corpo e por uma fraqueza da energia na parte inferior do corpo. Normalmente, toda a inalação é feita pelo nariz e a expiração é feita pela boca. A inalação e a exalação pelo nariz tb são importantes, mas devem apenas ser utilizadas quando o paciente estiver desenvolvido uma condição de maior quietude. Toma-se esta medida para prevenir que o paciente volte ao seu padrão de respiração superficial inicial, até que o método de Respiração Abdominal Profunda seja aperfeiçoado.
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1. Respiração Abdominal Natural
A Respiração Abdominal Natural é também chamada de Respiração Natural e é usada em conjunto com uma concentração mental. Neste método o abdómen expande-se na inalação e contrai-se na exalação. Este método aumenta, naturalmente, os movimentos peristálticos do corpo, massaja os orgãos internos, aumenta o movimento do Qi dos Rins até ao Dantian Inferior. Devido as diferenças na fisiologia entre homem e mulher, o Método de Respiração Abdominal Natural é dividido em Respiração Natural Tóraxica, Respiração Natural Abominal e uma combinação das duas.

2. Método Longo e Profundo de Respiração Abdominal (Wen Huo) É uma respiração suave que consiste numa respiração natural, lenta e profunda.
a) No príncipio da respiração, inalar até ao períneo, sentindo o abdómen inferior a expandir em todas as seis direções:
• Do fundo: base do períneo.
• Da frente: até ao osso púbico e umbigo.

• De trás: até ao cóccix e Mingmen.

• Da direita: até à anca e costelas.

• Da esquerda: anca e costelas.

• De cima: base do diafragma.
b) Enquanto inalamos, sentir o ar a expandir e a encher a cavidade toráxica superior. O torso é expandido em todas as direções:
• Do fundo: topo do diafragma.
• Da frente: plexo solar, Coração.

• De trás: base das costelas, espinha e ombros.

• Da direita: costelas.

• Da esquerda: costelas.

• Do topo: garganta e pescoço.
c) Após toda esta expansão, contrair a pélvis de forma a aumentar a capacidade de armazenar a energia. Exalar o ar desde o tórax até ao abibómen inferior.

3. Método Reverso de Respiração Abdominal
Este método consiste na contração do abdómen (e ânus) aquando da inspiração e expansão deste na expiração. É a principal respiração na terapia de emissão de Qi gong, devido ao aumento da pressão do ar e da energia. Aumenta o fluxo de energia para as extremidades e tem um maior efeito em ascender o Qi das pernas até ao cérebro.
Este método não é aconselhável para relaxamento nem na prescrição a pacientes com hipertensão ou excesso de Yang na parte superior do corpo, visto que este tipo de pacientes já fazem este tipo de respiração naturalmente Este tipo de respiração causa uma constrição dos vasos sanguíneos e pode aumentar problemas cardíacos e causar dores de cabeça.

4. Método de Exalação Profunda (Wu Huo)


Wu Huo traduz-se em "respiração vigorosa". É executada com uma forte intenção consciente. Pode aumentar a reação do sistema nervoso parasimpático, dilatar os vasos e diminuir a pressão arterial. Expele-se o Qi pela boca e segue-se com uma inalação curta.
Este método aumenta a circulação de Sangue e reduz o edema nos tecidos, aumentando a micro circulação. É usado também para tornar a respiração mais profunda ao conter a respiração durante um breve período de tempo.
Um método de Manter a Respiração Abdominal, conhecido como "Duas Respirações" consiste em apenas uma inalação pelo nariz até ao Dantian Inferior, manter a respiração o maior tempo possível sem sentir tensão (embora uma certa pressão seja normal) e exalar pela boca.
6. Método da Respiração do Vento
Consiste na inalação e exalação pelo nariz. É chamado de Método de Respiração do Vento porque envolve uma respiração mais superficial que ressoa pela cavidade nasal. Este tipo de respiração purifica e aquece o ar à medida que passa pelo nariz, resultando na oscilação do ar que estimula a glândula pituitária, fortalecendo assim o sistema endócrino. É especialmente útil nas pessoas com problemas de Pulmões.
7. Método de Sopro (Ou vibração)
É um método popular de uso de sons terapêuticos (ou tons) de modo a purgar os factores patogénicos ou para regular os orgãos internos. A pronunciação é baseada na ressonância de sons de forma a estimular orgãos específicos. Há 2 sistemas principais: Os Seis Sons Curativos e Ressonância de Sons para o Tratamento de Tumores e Cancro.
O primeiro é usado para regular, fortalecer ou desintoxicar os orgãos. É usado normalmente em patologias agudas ou menos sérias. A segunda é usada de forma a vibrar e destruir tecidos malignos e a conter o crescimento das células nos pacientes com doenças graves. É prescrito em pacientes com quistos, tumores e cancros.
A escolha dos orgãos e o número de vezes para pronunciar cada som é determinado pela constituição física e energética de cada pessoa. Cada som vibra num orgão ou sistema particular e músculos adjacentes. À medida que se vai praticando este método, os orgãose músculos adquirem uma memória da vibração específica, que pode ser reproduzida através de concentração mental. Não só os canais e orgãos são harmonizados, mas também as cavidades que circundam estes orgãos.
Tonificação e Dispersão na Respiração
O primeiro passo consiste sempre em estar atento à respiração. Através da respiração, os síndromes de Excesso e Deficiência podem ser harmonizados.
1. A inalação é usada para tonificar o Qi. A duração da inalação deve ser maior do que a exalação. Os seguintes métodos deve ser usados:
• Mais inalação, menos exalação.
• Inalação mais profunda, exalação mais rápida.

• Concentração na inalação.
2. A exalação é usada para purgar e reduzir o Qi nos casos de Excesso. A duração da exalação deve ser maior do que a inalação. Os seguintes métodos devem ser usados:
• Mais exalação e menos inalação.
• Inalação mais curta, exalação mais profunda.

• Concentração na exalação.
 Método de Manter a Respiração Abdominal

• Contração dos vasos sanguíneos.

• Aumento da pressão arterial.

• Aumento do ritmo cardíaco.

Combinação de alimentos.

A primeira chave para viver com saúde é melhorar a relação com suas próprias emoções e A segunda chave para viver com saúde é ter equilíbrio entre atividade física adequada e sono. A terceira chave para viver com saúde é o princípio da combina­ção efetiva  de alimentos.

 Há  pouco  tempo,  um  médico  chamado Ste­ven Smith celebrou seu  centésimo  aniversário.  Quando  lhe  pergun­taram  o que fazia com que 
 vivesse  tanto, explicou:  "Cuide  de  seu  estômago  durante  os  primeiros 50 anos, e ele cuidará de você nos 50 seguintes".

 Nunca foram ditas palavras tão  verdadeiras. Grandes cientistas estudaram  a  combinação de alimentos. O Dr. Herbert Shelton é o mais conhecido.
Mas você sabe quem foi o pri­meiro cientista a estudar o assunto amplamente?

 Foi  o  Dr.  Ivan Pav­lov, o homem mais conhecido pelo seu trabalho  inicial sobre  estí­mulo/reação.  Algumas  pessoas fazem da combinação
de alimentos uma coisa muito complicada, mas é muito simples.

 Alguns  alimen­tos  não devem ser ingeridos com outros. Diferentes tipos  de
 alimen­tos  requerem  diferentes  tipos de sucos digestivos, 
 e nem todos os sucos  digestivos  são  compatíveis.
Por  exemplo,  você come carne e  batata juntas?
E queijo e pão, leite e cereais, ou peixe e arroz?

 E se eu lhe dissesse que essas com­binações são totalmente destrutivas  para seu  sistema  interior e que lhe tiram energia?
É provável que diga que até agora o que eu falei fazia sentido, mas que agora perdi minha cabeça.

 Deixe-me  explicar  por  que  essas combinações são destrutivas e como  você pode poupar grandes quantidades de energia nervosa, que pode estar  gastando no momento. Diferentes alimentos são di­geridos de modos diferentes.

 Alimentos  com  amido  (arroz,  pão,  ba­tatas,  e outros) requerem um  meio digestivo   alcalino,  que  a  princí­pio  é  suprido  na boca, pela  enzima ptialina.
 Alimentos  protéicos  (car­ne,  laticínios,  nozes, sementes e semelhantes)  requerem um meio áci­do para a digestão - ácido hidroclorídrico e pepsina.

 Agora,  é  uma  lei da química que dois meios contrários (ácido e  alcalino) não podem trabalhar ao mesmo tempo. 
 Um neutraliza o outro.

 Se  você  come  uma  proteína  com  um amido, a digestão é pre­judicada,  ou completamente   paralisada. 
Alimentos  indigestos  tornam-se  campo  para bactérias,  que  os   fermentam  e  decompõem,  dando  começo  a desordens  digestivas e  gases.

 Combinações  incompatíveis  de  alimentos  roubam  sua  energia, e tudo  que produz  uma perda de energia é potencialmente um produ­tor de doenças.  Cria ácidos em excesso, que causam o espessamen­to do sangue que, por isso,  flui mais devagar através do sistema, roubando oxigênio do corpo. Lembra-se  como se sentiu depois de ter saído arrastado da ceia de Natal no ano passado?

 Em que isso contribui para boa saúde, uma corrente sangüínea saudável,  para uma  fisiologia  energética?! Para produzir os resultados que deseja na  sua vida?  Qual  o  medicamento  mais  vendido  nos  Estados Unidos?
Você  sabe?  Costumava  ser  o  tranqüilizante  Valium.  Agora é Tagamet, uma droga  para distúrbios do estômago.

 Talvez  haja  uma  maneira mais sensata de comer. A combinação de  alimentos trata de tudo isso.

 Aqui  está  uma maneira simples para pensar sobre isso. Coma só um  alimento condensado  por  refeição.  O  que  é  um  alimento  condensado? 
 É  qualquer alimento  que  não seja rico em água. Por exemplo, carne-seca é  condensado, enquanto uma melancia é rica de água.

Algumas   pessoas   não   querem  limitar  suas  quantidades  de alimentos condensados;  logo,  deixe-me  dizer-lhe  o  mínimo que podem fazer.
Esteja certo de não comer amido carboidratado e proteína na mesma refeição.

 Não  coma  aquela  carne e batatas juntas. Se você sente que não pode  viver sem  ambos,  coma  um  no almoço e o outro no jantar.
Não é tão difícil,  é?  Você pode ir ao mais fino restaurante do mundo e dizer: "Quero meu bife  sem as batatas assadas, uma salada grande e alguns legumes feitos no vapor".

 Não  há problema: a proteína se misturará com a salada e os legumes,  porque são alimentos que contêm água. Você pode também pedir uma batata 
 assada (ou duas)  sem o bife e, também, uma grande salada com legumes feitos  no  vapor.
 Você sairá de uma refeição como essa sentindo-se faminto? De jeito nenhum!

 Você  se  levanta  cansado de manhã, mesmo após seis, sete ou oito horas  de sono?   Sabe   por   quê?   Enquanto  dorme,  seu  corpo  está  trabalhando extraordinariamente  para digerir  as combinações de alimentos  incompatíveis que  você pôs em seu estômago. Para muitas pessoas, a digestão consome  mais energia nervosa do que para outra atividade qualquer.

 Quando   os   alimentos  não  estão  apropriadamente  combinados  no  trato digestivo,  o  tempo  que  leva para digeri-los pode ser tanto quanto  oito, dez, doze ou catorze horas, até mais.

 Quando  os  alimentos  estão  bem  combinados, o corpo é capaz de fazer  seu trabalho  efetivamente, e a digestão dura, em média, três a quatro horas,  e assim  você  não  tem que gastar sua energia na digestão. (Após ingerir  uma refeição  adequadamente  combinada,  deve-se  esperar  pelo menos de três  a quatro horas antes de ingerir qualquer outro alimento.

 Também é importante anotar que beber às refeições dilui os sucos
 digestivos e atrasa o processo de digestão.)

Estudo diz que 461 doenças podem ser tratadas pela acupuntura.

Estudo diz que 461 doenças podem ser tratadas pela acupuntura

Pequim, 15 out (EFE).- A acupuntura chinesa pode tratar 461 doenças, a maioria delas relacionada ao sistema nervoso, segundo uma pesquisa realizada por especialistas do país oriental e publicada hoje pelo jornal oficial "China Daily".

O doutor du Yuanhao, do Centro de Pesquisa de Acupuntura Chinesa de Tianjin, afirmou que a maioria das doenças nas quais esta prática é eficaz está relacionada com o sistema nervoso, o digestivo, o genitourinário, os músculos, os ossos e a pele.

Concretamente, doenças como a apoplexia, a diarréia, a enterites, a demência e as brotoejas cutâneas podem ser tratadas pela acupuntura.

Os pontos fundamentais desta prática se encontram na pele e por isso o tratamento pode ser eficaz em doenças musculares e dermatológicas, explica du, de 43 anos.

"Além disso, por estes pontos transcorrem numerosas terminações nervosas, o que pode levar à cura de doenças do sistema nervoso e outras cujas funções são controladas pelos nervos", acrescentou.

No entanto, a acupuntura não é eficaz contra todas as doenças, embora seja mais fácil de lidar em comparação com outros tratamentos, segundo o especialista.

O responsável pelo estudo trabalha agora na classificação destas 461 doenças. "Vou criar três categorias: as que podem ser curadas apenas mediante a acupuntura, aquelas para as quais a acupuntura é o tratamento principal e as doenças nas quais a acupuntura pode ajudar".

A acupuntura faz parte da medicina tradicional chinesa, uma prática que conta com dois mil anos de vida, e consiste na inserção de agulhas metálicas na pele para aliviar a dor e tratar doenças.
A INTEGRAÇÃO DOS DOIS SISTEMAS NO OCIDENTE
A acupuntura é apenas uma das técnicas terapêuticas que compõem um conjunto de saberes e procedimentos culturalmente constituídos, e dos quais não pode ser dissociada. Além das agulhas, a medicina tradicional utiliza ervas, massagens, exercícios físicos, dietas alimentares, e prescreve normas higiênicas de conduta. Sua lógica é a mesma que orientou toda a vida social da China, no período em que foi desenvolvida: o calendário agrícola, as festas coletivas, os princípios de comportamento social, as regras de etiqueta no trato com as autoridades, a religião, a música, a arquitetura... Os princípios teóricos a partir dos quais as doenças são entendidas, classificadas e tratadas são os mesmos que servem para entender, classificar e lidar com as coisas do mundo', a natureza, o espaço e o tempo. (A este respeito ver: Granet, 1968).
Pretender que a eficácia de um saber que, segundo Cai Jing Feng, "tem controlado as maiores epidemias de doenças infecciosas na história da China", deva-se a que a introdução de agulhas, em determinados pontos, tenha como conseqüência a liberação de mediadores bioquímicos que interferem no fenômeno da dor; e que o sucesso obtido pelos chineses com a acupuntura durante dois mil e quinhentos anos de desenvolvimento seja fruto apenas da acumulação de observações empíricas, é fechar os olhos ao saber tradicional, é descaracterizá-lo, é optar por uma 'cegueira etnocêntrica'.
Embora os autores orientais considerem que a política de integração entre os dois sistemas, praticada na China desde 1949, tenha permitido um grande desenvolvimento não só na atenção à saúde do povo chinês, como da própria medicina tradicional — e o surgimento das técnicas de anestesia cirúrgica com acupuntura nos anos cinqüenta testemunha que têm razão —, a recíproca pode não ser verdadeira.
Nos últimos quarenta anos, o oriente desenvolveu novas técnicas terapêuticas, associando o saber milenar com o saber e a técnica ocidentais. Ao ocidente, que não domina o saber tradicional, — ao contrário, o nega — restou a pobre e limitada perspectiva de procurar esclarecer, com seus próprios recursos teóricos, os mecanismos de ação e os efeitos de uma técnica oriental isolada em uma situação específica, a dor. No ocidente, a procura da cientificidade da acupuntura, ao contrário de esclarecer (ou legitimar) o saber que lhe dá sentido, tem sido a busca da confirmação da hegemonia da ciência médica, a possibilidade de fazê-la capaz de explicar os efeitos até então enigmáticos das agulhas.
Se o crescimento da aceitação da acupuntura no ocidente pode ser o reflexo da crise da medicina científica, e se a crise da medicina ocidental se identifica com a crise de seu paradigma positivista; então os estudos 'científicos' da acupuntura pouco poderão contribuir para a superação dessa crise, enquanto insistirem em negar a possibilidade de uma medicina, de uma ciência de dois mil e quinhentos anos, que tem a sua lógica própria, diferente daquela da ciência ocidental.
É possível (quiçá provável) que a maior colaboração que o oriente possa trazer a medicina ocidental não esteja na sua técnica, mas no seu saber, nos conceitos a respeito da natureza e da causalidade das doenças, na sua visão holística do ser humano, na valorização da tendência à autocura inerente ao organismo, no significado do "equilíbrio" que se busca com a terapia.
No entanto, para se ter acesso ao saber tradicional, será preciso compreender os seus princípios, poder perceber claramente o Yin e o Yang no mundo, e a possibilidade do Tao (3); será preciso reconhecer na natureza, no céu e na terra, as seis energias e os cinco elementos, aprender a distinguir, no exame do paciente, onde está o frio e onde está o calor, onde estão as insuficiências e onde estão os excessos.
Para se ter acesso ao saber tradicional, será preciso admitir a possibilidade de que estas categorias possam se organizar em um sistema coerente cuja lógica, que orientou tanto a ordenação biológica quanto a ordenação social da China, durante a maior parte dos últimos vinte e cinco séculos, deve ser apreendida não só pelo estudo da medicina, como pela compreensão da religião, da filosofia, dos costumes, enfim, da história e da cultura da civilização chinesa.


RESUMO
O reconhecimento da eficácia da acupuntura não depende da demonstração empírica de seus resultados. Problemas metodológicos e conceituais dificultam o estabelecimento de seu valor terapêutico, com base na ciência ocidental moderna.
Por outro lado, o crescimento da demanda e da oferta de terapias alternativas (entre elas a acupuntura) implica uma certa legitimação, que depende mais do reconhecimento da utilidade dessas práticas, do que da demonstração de sua cientificidade.
A crise da "medicina científica' e de seu paradigma mecanicista pode ser um dos fatores responsáveis pela maior aceitação da acupuntura no Ocidente. Se isto é verdade, os estudos científicos sobre acupuntura serão de pouca utilidade, enquanto persistirem em negar a possibilidade de uma medicina que tem a sua lógica própria, diferente daquela da ciência ocidental. Talvez a maior colaboração que o Oriente possa trazer à medicina ocidental não esteja na sua técnica, mas no seu saber. No entanto, é apenas através da compreensão da cultura e da civilização chinesas, da aceitação de que Yin e Yang se organizam em um sistema coerente, que o saber tradicional pode ser realmente apreendido.

INTRODUÇÃO
Temos assistido a um crescente interesse pelas chamadas "práticas alternativas de saúde". Sob esta designação genérica, destacam-se, pela freqüência com que são mencionados, especificamente, o uso de plantas medicinais, a homeopatia e a acupuntura.
No Brasil, a acupuntura já vinha sendo incorporada como alternativa terapêutica, em geral associada a procedimentos da medicina científica ocidental, em vários hospitais universitários, desde o início dos anos 80. A homeopatia foi reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina em 1980, passando a ser oferecida como opção terapêutica, em algumas unidades da Previdência Social, desde 1986.
Durante o último Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, o assunto mereceu destaque através de "Comunicações Coordenadas". Sob o título geral de "Proposições alternativas de assistência à saúde", discutiram-se a história e a "fundamentação científica" da homeopatia e da acupuntura, as experiências de implantação dessas práticas na rede pública, em vários Estados da Federação, e os problemas existentes para estender as 'práticas alternativas' ao SUS.
Vale observar que a oferta de "terapias alternativas" pelo serviço público foi precedida da multiplicação de consultórios privados de homeopatia e acupuntura, o que supõe a existência de uma demanda específica a este tipo de terapia, por parte de uma parcela da população que pode pagar por serviços de saúde privados. Por outro lado, a aceitação dessas práticas, pelos usuários dos serviços públicos, tem mostrado que esta demanda não é exclusiva daquela parcela da população.
A oferta de tratamentos por ervas, homeopatia ou acupuntura por serviços públicos de saúde supõe o reconhecimento oficial de sua utilidade. Esse reconhecimento vem sendo buscado e, em certa medida, tem sido conquistado, através de diversos argumentos e estratégias. Pretende-se, neste artigo, discutir, no caso específico da acupuntura, algumas questões decorrentes dos caminhos pelos quais se tem buscado sua legitimação no ocidente. Cabe observar que, uma vez que as estratégias para a legitimação são as mesmas, tanto para a acupuntura quanto para a homeopatia e para o uso de ervas medicinais, considerações semelhantes também poderiam ser feitas em relação a estas práticas.

O APELO À DEMONSTRAÇÃO EMPÍRICA DO SUCESSO DO MÉTODO
O relato de curas, muitas vezes espetaculares, com o uso da acupuntura, tem sido recurso freqüente. O sucesso da anestesia com acupuntura, em diferentes cirurgias, tem produzido um grande impacto no ocidente desde a década de 70; os casos observados por Bland foram, nas suas próprias palavras, "suficientes para provar o valor da acupuntura como tratamento e como anestésico." (Bland, 1979),
Verifica-se, no entanto, que a demonstração empírica dos resultados obtidos com a acupuntura, por si só, tem se mostrado insuficiente para o reconhecimento da sua eficácia terapêutica, pois tais resultados são interpretados pelos céticos como embuste ou, na melhor das hipóteses, como conseqüência de pura sugestão; segundo estes, as agulhas agiriam, no máximo, como placebo.
A preocupação de mostrar que os resultados obtidos com a acupuntura não se devem a sugestão está presente no discurso de Huan Xiang Ming (vice-diretor do Instituto de Pesquisa Médica Chinesa, em Xangai), em um seminário patrocinado pela OMS na China, em 1979 (ver: A Saúde do Mundo 12/79): "o êxito da anestesia por acupuntura e a cura da disenteria bacilar pela acupuntura abalaram a opinião de que o efeito desse procedimento não passa de uma ilusão psicológica' (Huan Xiang Ming, 1979), ou, nas palavras de Bland: "... mas se a função anestésica da acupuntura é 'puramente mental' (aspas no original), como explicar que as agulhas parecem ser igualmente eficientes na veterinária?" (Bland, 1979),
Se, por um lado, o ceticismo continua presente no ocidente, de outro, muitos autores ocidentais já compartilham da opinião de que "... o número de casos estudados fornece alguma indicação da presença de um fenômeno que requer investigação adicional". (Patel, 1987).

A BUSCA DE UMA 'EXPLICAÇÃO CIENTÍFICA' PARA OS EFEITOS E MECANISMOS DE AÇÃO DA ACUPUNTURA
A tentativa de demonstrar a cientificidade da acupuntura é tarefa a que vêm se dedicando inúmeros acupuntores, desde o início do século. As páginas preliminares de " L'Acupuncture Chinoise", publicada na França por Soulié de Morant, em 1939, e que marcou o renascimento do interesse pela acupuntura no ocidente, já mostram certa preocupação neste sentido. Os trabalhos de Noboyet, demonstrando a diferença da resistência elétrica da pele nos pontos de acupuntura, "que permitiu a detecção dos pontos por multivoltímetros" (Cintract, 1982), foram publicados, inicialmente, em 1955.
Neste período, a medicina científica alcançava grande prestígio. A descoberta dos antibióticos, das vacinas e do DDT levavam à crença de que, com o desenvolvimento da tecnologia, seriam erradicados, um a um, os agentes etiológicos específicos de cada uma das doenças conhecidas. O desenvolvimento da acupuntura e sua credibilidade dependiam, neste contexto, de que se pudesse demonstrar alguma cientificidade no método das agulhas.
Entre 1912 e 1949, mesmo na China, verificaram-se tentativas de eliminar a prática da medicina tradicional, sob a alegação de que não tinha bases científicas. Segundo Cai Jing Feng, "... antes da fundação da Nova China, em 1949, o conflito entre a medicina tradicional chinesa e a medicina ocidental foi, basicamente, a luta do sistema tradicional em continuar existindo, contra a idéia reacionária e subjetiva de que o sistema tradicional era retrógrado e não-científico", (Caí Jing Feng, 1988).
Após a revolução socialista de 1949, a política oficial do governo chinês passa a ser a da integração entre os dois sistemas. Os médicos chineses, de estilo ocidental', são encorajados a aprender a medicina tradicional e, ao mesmo tempo, incentivados a estudá-la com base em métodos científicos modernos. Um dos artigos da constituição chinesa estipulava que: "A nação, no desenvolvimento de cuidados de saúde e de programas de higiene, desenvolveria a medicina moderna e a tradicional". (citado por Cai Jing Feng, 1988).
Em 1979, Huan Xiang Ming declarava (no seminário já referido) que "A pesquisa científica voltou (com Hua Kuo Feng) a ser chamada a desempenhar uma atividade fundamental em nossa construção socialista e para nossas quatro modernizações; o campo da pesquisa acadêmica volta a recender a doçura da primavera" (Huan Xian Ming, 1979), e Bland falava dos estudos desenvolvidos na China "envolvendo o emprego de aparelhos eletrônicos altamente complexos... (que) estão se aprofundando nos mistérios das endorfinas." (Bland, 1979).
Aos poucos, a resistência inicial ao emprego da acupuntura, no ocidente, vai sendo substituída pela opinião de que é vantajosa a integração entre os dois sistemas, o "progresso da integração do conhecimento tradicional com o método científico" é visto por alguns representantes da academia ocidental como "uma grande promessa". (Kao, 1979).
Se, durante a primeira metade do século, os estudos 'científicos' procuravam, sobretudo, a confirmação da existência dos meridianos (1) e pontos descritos pela tradição, através da sua demonstração anatômica, a grande maioria dos estudos mais recentes é de ensaios clínicos que procuram medir a eficácia da acupuntura no tratamento de patologias específicas, ou de investigações que buscam elucidar os mecanismos de ação das agulhas, principalmente pela identificação de substâncias neurotransmissoras envolvidas nos fenômenos de analgesia e anestesia com acupuntura. Os artigos relacionados no Index Medicus dos primeiros cinco meses de 1989, a maioria publicada em revistas chinesas ou de países da Europa oriental, mostram claramente esta tendência.
Os estudos publicados no ocidente, na maioria dos casos ensaios clínicos onde se busca avaliar a eficácia da acupuntura no tratamento de dores crônicas de diferentes etiologias e localizações anatômicas, em geral, têm apresentado importantes deficiências metodológicas. (Lewith, 1984 e Patel, 1987).
Muitos estudos foram realizados com pequeno número de pacientes, prejudicando a aplicação de testes de significância estatística. Em muitos casos, os critérios para a seleção inicial dos pacientes a serem incluídos no estudo são imprecisos ou maldefinidos; em outros, os critérios para a definição do que deve ser considerado sucesso ou falha do tratamento não foram bem estabelecidos desde o início do estudo.
Um dos freqüentes problemas metodológicos está na dificuldade de se obterem estudos cegos. Se o grupo-controle for submetido a procedimentos terapêuticos, claramente distintos da acupuntura (tratamento médico ocidental, injeção de anestésicos e/ou esteróides etc), tanto pacientes como terapeutas têm, necessariamente, conhecimento do grupo (experimental ou controle) a que cada membro do estudo pertence. Ao contrário do que ocorre com a comparação entre duas drogas, cujas apresentações podem ser indistintas, quando se utiliza a própria acupuntura como placebo (agulhas inseridas fora dos pontos de acupuntura) é impossível impedir que o terapeuta, um acupuntor que conhece a localização precisa dos pontos, identifique os pacientes que pertencem ao grupo experimental, que recebem o tratamento adequado, e aqueles que compõem o grupo-controle, tratados com 'acupuntura placebo'.
Depois de chamar a atenção para o fato de que a inserção aleatória das agulhas não tem apenas um efeito placebo, Lewith afirma que "... é difícil definir um placebo válido que pode ser usado, consistentemente, sem o conhecimento dos terapeutas"', e acrescenta que, dadas as diferenças individuais dos pacientes no que tange à resposta ao tratamento com acupuntura, os ensaios cruzados são "virtualmente impossíveis", dificultando que os estudos possam ser definidos em bases comparáveis.
Enquanto a acupuntura tradicional baseia o tratamento no entendimento tradicional da doença, seleciona os pontos a serem picados em função das necessidades individuais dos pacientes e, no curso do tratamento, modifica os pontos utilizados, segundo a variação das necessidades dos doentes, na maioria dos estudos examinados por Patel, os pontos são selecionados com base no diagnóstico da medicina científica. Identifica-se um conjunto de pontos definidos a priori como indicados para a patologia em questão, que serão utilizados à maneira de uma fórmula ou prescrição que não varia de um doente para outro, e que não é modificada durante o tratamento. Considera-se que tais diferenças podem prejudicar, significativamente, os resultados do método tradicional.
O mesmo autor chama a atenção para o fato de que a maioria dos ensaios tem como objetivo avaliar os efeitos da acupuntura sobre a dor, embora o principal objetivo da medicina tradicional seja a prevenção da doença e a manutenção da saúde, restando ao tratamento da doença um papel secundário e, ao alívio da dor, uma função apenas complementar; e sugere a utilização de indicadores que possam medir o 'estado de saúde global' dos pacientes, a principal precupação da terapêutica tradicional.
Os dois autores, Lewith e Patel, consideram que os estudos desenvolvidos no ocidente são insuficientes para estabelecer, definitivamente, o valor terapêutico ou analgésico da acupuntura. Por outro lado, ambos concordam em que é necessário realizar estudos mais bem elaborados, seja para justificar a eficácia da acupuntura como tratamento, seja como uma resposta da comunidade científica ao crescimento da utilização da medicina alternativa.
Embora os estudos científicos não permitam conclusões definitivas, o reconhecimento de vantagens da acupuntura tem sido um argumento em favor de sua utilização no ocidente. A partir dos anos 60, o prestígio da medicina científica começava a ser abalado, as campanhas de erradicação, iniciadas na década de 50, com raras exceções, haviam malogrado (a este respeito, ver Yekutiel, 1981); a idéia de causa única, nascida no início do século, da demonstração de agentes etiológicos específicos para cada uma das doenças infecciosas, vinha se mostrando inadequada para a compreensão das doenças crônico-degenerativas, que assumiam importância cada vez maior no quadro nosológico dos países industrializados.
A ciência médica reconsiderou a importância dos fatores ambientais e sócio-culturais na determinação das doenças. As patologias crônico-degenerativas passaram a ser descritas em termos de distúrbios celulares; para seu estudo, diagnóstico e tratamento, foi necessário aumentar a precisão tanto da medição de constantes vitais, como da identificação de metabólitos específicos, envolvidos na gênese de diferentes patologias. A tecnologia médica desenvolveu instrumentos de investigação diagnóstica cada vez mais sofisticados e caros. O objetivo de erradicação das doenças transferiu-se para o da extensão de cobertura de serviços de saúde; ganhava espaço a idéia de que a saúde é função da assistência médica individual; e o acesso aos serviços de saúde passaram a ser reivindicados por um contingente cada vez maior da população.
Segundo Bland, um delegado da Europa ocidental, no mesmo seminário de 1979 (ver: A Saúde do Mundo 12/79), declarava que: "... a forma praticável de introduzir serviços gerais de saúde, em condições, de atender a todos no ano 2000", seria através de "médicos descalços", que em "... um curso de 18 meses... aprenderiam as técnicas de acupuntura, o emprego de ervas medicinais e outras formas de tratamento... trabalhariam em áreas rurais, e constituiriam a linha de vanguarda contra a doença" (citado por Bland, 1979).


A LEGITIMAÇÃO DAS MEDICINAS ALTERNATIVAS E A CRISE DA MEDICINA CIENTÍFICA
Apesar das dificuldades em provar seu valor terapêutico com suficiente rigor científico, o crescimento da demanda e da oferta de terapias alternativas (inclusive pelo serviço público) implica uma certa legitimação não-acadêmica dessas práticas. Existem indícios de que, hoje, a legitimação das práticas alternativas não depende apenas do reconhecimento de sua cientificidade, mas também do reconhecimento de sua utilidade terapêutica; ao contrário do que era dado pensar durante a primeira metade do século, quando o reconhecimento da utilidade terapêutica de qualquer método estava intimamente relacionado ao reconhecimento de sua cientificidade.
Aparentemente, tal mudança está relacionada à crise da medicina moderna. Se, por um lado, como veremos, alguns autores identificam a crise da medicina científica com a crise de seu paradigma, por outro, as práticas alternativas estão orientadas por paradigmas suficientemente distintos daqueles da medicina científica, para que sejam identificadas exatamente como "alternativas" a esta última.
Queiroz fala de uma "crise profunda" da prática e do saber da ciência médica moderna, que "... se refere à crise de seu paradigma dominante... o positivismo", e cujo sintoma principal é "... produzir serviços extremamente caros e ineficazes" mostra que "... historicamente, o desenvolvimento da medicina (científica) implicou a perda de uma visão unificadora do paciente, e deste com seu meio ambiente físico e social" e que este é "... um fenômeno recente e sem similar, quando confrontado com sistemas médicos não-ocidentais. Nesses sistemas médicos alternativos... o fator social existe como componente fundamental, ao contrário do que ocorre com o paradigma dominante da medicina ocidental moderna." (Queiroz, 1986)
Capra também reconhece, na "influência do paradigma cartesiano sobre o pensamento médico" a origem dos problemas da moderna medicina científica: "... ao reduzir a saúde a um funcionamento mecânico, (a medicina moderna) não pode mais ocupar-se com o fenêmeno da cura... a prática médica, baseada em tão limitada abordagem (a cartesiana) não é muito eficaz na promoção e manutenção da boa saúde. De fato, essa prática, hoje em dia, causa freqüentemente mais sofrimento e doença, segundo alguns autores (cita Illich), do que a cura" (Capra, 1986).
Lembra que "... a crescente dependência da medicina em relação à alta tecnologia suscitou um certo número de problemas que não são apenas de natureza médica ou técnica, mas envolvem questões sociais, econômicas e morais muito mais amplas". Fala do desenvolvimento da quimioterapia e do uso inadequado e abusivo de medicamentos, que "... tornaram-se um problema de saúde pública de alarmantes proporções"\ da relação entre a complexificação tecnológica do ato médico e a proliferação de especialidades médicas, que "... reforçou a propensão dos médicos de tratar partes específicas do corpo, esquecendo-se de cuidar do paciente como um ser total"\ e da transferência da prática médica "... do consultório do clínico geral para o hospital, onde se tornou progressivamente despersonalizada, quando não desumanizada."
Não deixa de referir-se à "impressionante desproporção entre o custo e a eficácia da medicina moderna", destacando que "As intervenções biomédicas, embora extremamente úteis em emergências individuais, têm muito pouco efeito sobre a saúde de populações inteiras"; nem às doenças crônico-degenerativas, tidas pela ciência médica "... como conseqüência inevitável do 'desgaste' geral, para o qual não existe cura" (Capra, 1986).
Considera ainda que, como conseqüência da "... imagem pública do organismo humano... uma máquina propensa a constantes avarias se não for supervisionada por médicos e tratada com medicamentos", não são valorizadas "... a noção do poder de cura inerente ao organismo e a tendência para manter-se saudável, ...a confiança do indivíduo em seu próprio organismo, ... (ou) a relação entre saúde e hábitos de vida"
O mesmo autor, no capítulo em que trata do "Holismo e Saúde", acredita que "... podemos aprender com os modelos médicos existentes em outras culturas" Embora não seja seu objetivo apresentar a medicina chinesa como prática ideal, e apesar de advertir que "as comparações entre sistemas médicos de diferentes culturas devem ser feitas com todo o cuidado", reconhece que "... a noção chinesa do corpo como um sistema indivisível de componentes intercalados está, obviamente, muito mais próxima da abordagem sistêmica do que o modelo cartesiano clássico." Ressalta que, para a medicina chinesa, "... a doença não é considerada um agente intruso, mas o resultado de um conjunto de causas que culminam em desarmonia e desiquilíbrio... (e) será, em dados momentos, inevitável no processo vital... a saúde perfeita não é o objetivo essencial... o papel principal dos médicos chineses sempre foi o de evitar o desequilíbrio de seus pacientes. " Observa que as diferentes técnicas terapêuticas da medicina chinesa visam "... estimular o organismo do paciente de tal modo que ele siga sua própria tendência natural para voltar a um estado de equilíbrio. Assim, um dos principais princípios da medicina chinesa é sempre administrar uma terapia a mais branda possível" (Capra, 1986).
Se a crescente aceitação da acupuntura, no ocidente, está relacionada à crise da medicina científica; se, em conseqüência do alto custo da medicina tecnológica, é preciso referendar práticas não totalmente legitimadas pela ciência médica, com o argumento de que são úteis, mais simples e mais baratas (2); se a procura de terapias em princípio 'mais brandas' pode ser vista como resposta à agressividade da intervenção médica tecnologizada; se a procura por uma medicina, cujos princípios são considerados 'mais holísticos' (Capra), pode significar uma reação à segmentação do olhar da ciência médica (explicitado pela profusão de especialidades e subespecialidades), ou mesmo à desumanização da prática médica hospitalar; então a questão que se coloca não é mais a da investigação dos mecanismos de ação da acupuntura, mas a investigação de seus princípios, de sua lógica, de seus paradigmas.

A INTEGRAÇÃO DOS DOIS SISTEMAS NO OCIDENTE
A acupuntura é apenas uma das técnicas terapêuticas que compõem um conjunto de saberes e procedimentos culturalmente constituídos, e dos quais não pode ser dissociada. Além das agulhas, a medicina tradicional utiliza ervas, massagens, exercícios físicos, dietas alimentares, e prescreve normas higiênicas de conduta. Sua lógica é a mesma que orientou toda a vida social da China, no período em que foi desenvolvida: o calendário agrícola, as festas coletivas, os princípios de comportamento social, as regras de etiqueta no trato com as autoridades, a religião, a música, a arquitetura... Os princípios teóricos a partir dos quais as doenças são entendidas, classificadas e tratadas são os mesmos que servem para entender, classificar e lidar com as coisas do mundo', a natureza, o espaço e o tempo. (A este respeito ver: Granet, 1968).
Pretender que a eficácia de um saber que, segundo Cai Jing Feng, "tem controlado as maiores epidemias de doenças infecciosas na história da China", deva-se a que a introdução de agulhas, em determinados pontos, tenha como conseqüência a liberação de mediadores bioquímicos que interferem no fenômeno da dor; e que o sucesso obtido pelos chineses com a acupuntura durante dois mil e quinhentos anos de desenvolvimento seja fruto apenas da acumulação de observações empíricas, é fechar os olhos ao saber tradicional, é descaracterizá-lo, é optar por uma 'cegueira etnocêntrica'.
Embora os autores orientais considerem que a política de integração entre os dois sistemas, praticada na China desde 1949, tenha permitido um grande desenvolvimento não só na atenção à saúde do povo chinês, como da própria medicina tradicional — e o surgimento das técnicas de anestesia cirúrgica com acupuntura nos anos cinqüenta testemunha que têm razão —, a recíproca pode não ser verdadeira.
Nos últimos quarenta anos, o oriente desenvolveu novas técnicas terapêuticas, associando o saber milenar com o saber e a técnica ocidentais. Ao ocidente, que não domina o saber tradicional, — ao contrário, o nega — restou a pobre e limitada perspectiva de procurar esclarecer, com seus próprios recursos teóricos, os mecanismos de ação e os efeitos de uma técnica oriental isolada em uma situação específica, a dor. No ocidente, a procura da cientificidade da acupuntura, ao contrário de esclarecer (ou legitimar) o saber que lhe dá sentido, tem sido a busca da confirmação da hegemonia da ciência médica, a possibilidade de fazê-la capaz de explicar os efeitos até então enigmáticos das agulhas.
Se o crescimento da aceitação da acupuntura no ocidente pode ser o reflexo da crise da medicina científica, e se a crise da medicina ocidental se identifica com a crise de seu paradigma positivista; então os estudos 'científicos' da acupuntura pouco poderão contribuir para a superação dessa crise, enquanto insistirem em negar a possibilidade de uma medicina, de uma ciência de dois mil e quinhentos anos, que tem a sua lógica própria, diferente daquela da ciência ocidental.
É possível (quiçá provável) que a maior colaboração que o oriente possa trazer a medicina ocidental não esteja na sua técnica, mas no seu saber, nos conceitos a respeito da natureza e da causalidade das doenças, na sua visão holística do ser humano, na valorização da tendência à autocura inerente ao organismo, no significado do "equilíbrio" que se busca com a terapia.
No entanto, para se ter acesso ao saber tradicional, será preciso compreender os seus princípios, poder perceber claramente o Yin e o Yang no mundo, e a possibilidade do Tao (3); será preciso reconhecer na natureza, no céu e na terra, as seis energias e os cinco elementos, aprender a distinguir, no exame do paciente, onde está o frio e onde está o calor, onde estão as insuficiências e onde estão os excessos.
Para se ter acesso ao saber tradicional, será preciso admitir a possibilidade de que estas categorias possam se organizar em um sistema coerente cuja lógica, que orientou tanto a ordenação biológica quanto a ordenação social da China, durante a maior parte dos últimos vinte e cinco séculos, deve ser apreendida não só pelo estudo da medicina, como pela compreensão da religião, da filosofia, dos costumes, enfim, da história e da cultura da civilização chinesa.


(1) Meridianos são canais virtuais que percorrem todo o corpo, e pelos quais circula a energia vital Chí.
(2) Em nossa opinião, tanto a simplicidade quanto o baixo custo atribuídos à acupuntura são muito mais reflexo da falta de conhecimento mais profundo do método, do que características reais da medicina tradicional chinesa.
(3) O Yiang e Yin constituem um par de opostos complementares a que são relacionadas as dualidades/díades da natureza: dia x noite, claro x escuro, calor x frio, masculino x feminino, resistência x complacência, movimento x repouso, ... Granet reconhece o Yin e o Yang como 'símbolos' de grande poder sugestivo, uma vez que, constituindo uma dupla, evocam, agrupando em pares, todos os outros 'símbolos'.
"É o Tao que faz surgir ora o obscuro (Yin) ora o luminoso (Yang)" diz o I Ching (TA TAUN, Cap. 5). Granet comenta as diferentes possibilidades de tradução da expressão "Uma vez Yin, Uma vez Yang, é o Tao" — "primeiro o Yin, depois o Yang...", ou "aqui o Yin, lá o Yang...", ou "um tempo Yin, um tempo Yang...", ou, ainda, "um lado Yin, um lado Yang..." (p. 104) — segundo o autor, "como o Yin e o Yang, o Tao é uma categoria concreta", uma totalidade "alternante e cíclica", um "poder regulador'' que "não cria os seres, os faz ser como são", e que "regula o ritmo das coisas". (p. 269). De acordo com a tradição: "O Tao possui todas as coisas em plena abundância, este é o seu campo de ação. Renova todas as coisas, todos os dias; este é o seu glorioso poder." (I Ching, TA TAUN cap. 5).