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28 de fev. de 2011

CHÁ VERDE (25 razões pra tomar agora mesmo)


























A mente do corpo

“Algo que estávamos retendo nos fazia fracos até verificarmos que éramos nós mesmos”.


Quanto mais aprendemos com a pesquisa do cérebro, mais compreensível se torna a ligação entre mente e doença. O cérebro comanda ou indiretamente influencia todas as funções do corpo: pressão sanguínea, batimentos cardíacos, reação imunológica, hormônios, tudo. Seus mecanismos são ligados por uma rede de alarme e ele dispõe de uma espécie de gênio sinistro, organizador de distúrbios apropriados a nossos mais neuróticos pensamentos.
A antiga expressão “escolha o seu mal” se aplica à semântica e aos símbolos da doença. Se nos sentirmos irritados podemos tornar literal nossa metáfora através de alergias. Há tempos fala-se de “coração partido” como resultado de um relacionamento desapontador. A pesquisa, agora, revela que há uma conexão entre solidão e moléstias cardíacas. Na pesquisa com animais, as doenças cardíacas têm sido provocadas pelo prolongado estímulo de uma região do cérebro associada a emoções fortes. A mesma região se encontra ligada ao sistema imunológico. Assim, o “coração partido” pode transformar-se em uma moléstia coronária; a necessidade de crescer pode resultar em um tumor; a ambivalência numa “dor de cabeça de rachar”; uma personalidade rígida em artrite. Toda metáfora é potencialmente uma realidade literal.
A capacidade do corpo de extrair sentido de uma nova informação, de transformá-la, é a saúde. Se formos flexíveis, capazes de nos adaptar a um ambiente em modificação - quer se trate de um vírus, umidade, cansaço ou polens da primavera - poderemos resistir a um nível bem alto de tensão.
Um conceito recente e radical sobre o sistema imunológico pode nos ajudar a compreender como o “médico interno” mantém a saúde e como ele falha. O corpo, através desse sistema, parece dispor de um modo próprio de “saber”, paralelo àquele pelo qual o cérebro sabe. Esse sistema imunológico é ligado ao cérebro. A sua “mente” tem uma imagem dinâmica do eu e uma impulsão no sentido de transformar os “ruídos” ambientais - inclusive os vírus e alérgenos - em informações. Ela não rejeita certas substâncias ou reage a elas violentamente porque são estranhas, como se acreditava no antigo paradigma, mas por não fazerem sentido, por não poderem se encaixar no sistema ordenado.
Esse sistema imunológico é poderoso e plástico em sua capacidade de extrair significado de seu ambiente, mas como está ligado ao cérebro é vulnerável à tensão psicológica. A pesquisa tem demonstrado que os estados de tensão mental, como aflição e ansiedade, alteram a capacidade do sistema. A razão pela qual, por vezes, “contraímos” um vírus ou temos uma “reação alérgica” é porque esse sistema está funcionando abaixo do normal.
O câncer, é claro, representa uma falha do sistema imunológico. Em diferentes momentos de nossas vidas, quase todos temos células malignas que não se transformam num câncer clínico, porque o sistema imunológico se encarrega delas eficientemente. Dos fatores psicológicos implicados no câncer, o mais evidente é a emoção reprimida.
Vários estudos verificaram que os pacientes de câncer tendem a guardar para si mesmos seus sentimentos e a maior parte não teve com os pais um estreito relacionamento. Acham difícil expressar sua raiva. Um estudo revelou que eles são conformados e controlados, menos autônomos e espontâneos do que aqueles cujos testes mais tarde vieram a se mostrar negativos. Uma cancerologista disse, a respeito dos seus pacientes: “Tipicamente, todos haviam experimentado uma lacuna em suas vidas, desapontamentos, expectativas que não se realizaram. É como se a necessidade de crescer se transformasse em uma metáfora física”.
Mágoas não expressadas podem detonar uma patologia, inibindo o sistema imunológico. Um estudo demonstrou que a morte de um cônjuge resultava em uma queda no nível imunológico nas semanas subseqüentes. Um projeto de Boston verificou um índice de 60% de abortos em mulheres que engravidaram logo depois de haverem perdido um filho pela síndrome da morte infantil súbita. O relatório insistia em que tais mulheres desoladas “deveriam esperar até que o corpo não estivesse mais sentindo os efeitos do pesar”.

O CORPO COMO PADRÃO E PROCESSO

Com o passar dos anos, o corpo se torna uma autobiografia ambulante, falando a amigos e estranhos sobre as pequenas e grandes tensões de nossa vida. Distorções de funções, ocorridas após ferimentos, com a limitação dos movimentos em um braço ferido, se tornam parte permanente do padrão do corpo. A musculatura reflete não apenas velhos ferimentos mas também velhas ansiedades. Atitudes de timidez, e pressão, arrogância ou estoicismo, adotadas cedo na vida, se encerram em nosso corpo como padrões no sistema sensório motor.
No círculo vicioso da patologia corpo-mente, as linhas rígidas do nosso corpo contribuem para os processos mentais fechados. Não podemos separar o mental do físico, o fato da fantasia, o passado do presente. Assim como o corpo sente as aflições da mente, esta sofre com a insistente lembrança do corpo do que a mente costumava sentir, e assim por diante.
Este ciclo pode ser interrompido pelo “trabalho físico” - terapias que de forma profunda (e com freqüência dolorosa) massageiam, manipulam, relaxam ou de qualquer outra forma modificam o sistema neuromuscular, sua orientação quanto à gravidade, sua simetria. Tal transformação do corpo pode afetar com profundidade todo o circuito corpo-mente.
Assim como algumas psicotecnologias aumentam o fluxo da energia no cérebro, permitindo que novos padrões ou mudanças de paradigma ocorram, o trabalho físico altera o fluxo de energia no corpo, liberando-o das velhas “idéias” ou padrões, aumentando a amplitude de seus movimentos. A integração estrutural, o método de Alexander, Feldenkrais, Cinesiologia Aplicada, Bioenergética, Rolfing, Terapia Reichiana e centenas de outros sistemas iniciam a transformação do corpo.
A famosa frase de John Donne, “Nenhum homem é uma ilha”, é tão verdadeira com relação ao nosso corpo como à nossa interdependência social. Tardiamente, meio século depois que deveríamos ter nos valido da sugestão da física, a medicina ocidental está começando a reconhecer que o corpo é um processo - um turbilhão bioelétrico, sensível aos íons positivos, raios cósmicos, resíduos minerais em nossa alimentação, eletricidade disponível em geradores de energia.
A acupuntura e a acupressão, que estimulam determinados pontos sobre os meridianos precisos, mostram como até partes remotas do corpo se encontram ligadas. Quanto mais vemos os efeitos da acupuntura, melhor entendemos por que o tratamento isolado dos sintomas raramente alivia as doenças.
Somos campos oscilantes, dentro de campos maiores. Nossos cérebros respondem ao ritmo dos sons, às pulsações da luz, a cores específicas, as diminutas variações de temperatura. Quando nos empenhamos em uma conversa, mesmo que estejamos apenas ouvindo, entramos em uma sutil “dança” com a outra pessoa, movimentos sincronizados tão suaves que só podem ser detectados se filmados e examinados quadro a quadro.
Estímulos no ambiente afetam o crescimento e as ligações do moldável cérebro humano, desde os seus períodos críticos iniciais até os últimos dias - seu peso, nutrientes, número de células. Mesmo em pessoas idosas, o cérebro físico não perde um número mensurável de células se o ambiente for estimulante.
Se o corpo-mente é um processo, então a doença é um processo... Assim também é a cura, com sete milhões de glóbulos vermelhos do sangue deixando de existir a cada segundo, substituídos por outros sete milhões. Até mesmo nossos ossos são completamente reconstituídos em um período de sete anos. Assim como na dança da deusa Shiva, estamos de modo contínuo criando e destruindo, criando e destruindo.
Wallace Ellerbrock, ex-cirurgião e agora psiquiatra, disse:
“Nós, médicos, parecemos ter uma predileção por substantivos ao darmos nomes às doenças (epilepsia, sarampo, tumor do cérebro), e como essas coisas “merecem” substantivos como nomes, estão, obviamente, elas são coisas - para nós. se pegarmos um desses substantivos - sarampo - e o transformarmos em verbo, então teremos: “Sra Jones, seu garotinho parece estar sarampando”, o que abre as mentes, a nossa e a dela, ao conceito de doença como um processo”.
Ellerbrock tem tratado com êxito inúmeras moléstias ensinando ao paciente à confrontar e aceitar o processo - a prestar atenção. Numa experiência, Ellerbrock instruiu pacientes de acne crônica a reagir a qualquer nova erupção com uma atenção não-crítica. Poderia se olhar no espelho e dizer: “Muito bem, pústulas, ai estão vocês, exatamente onde deveriam estar neste momento”.Os pacientes foram insitados a aceitar a acne, em vez de resistirem a ela com emoções negativas.
Todos os participantes sofriam com a acne, havia 15 ou mais anos, sem melhoras. Os resultados da experiência foram surpreendentes. Alguns pacientes ficaram livres das espinhas, por completo, em algumas semanas. Um processo ativo - medo, ressentimento, negação - vinha mantendo a acne.
A saúde e a doença não nos acontecem simplesmente. São processos ativos induzidos pela harmonia ou desarmonia interior, influenciados pelo nosso estado de consciência, nossa capacidade ou incapacidade de tirarmos partido da experiência. Esse reconhecimento traz de modo implícito responsabilidade e oportunidade. se estamos participando, ainda que de forma inconsciente, no processo da doença, podemos então optar pela saúde.

A MATRIZ INVISÍVEL DA SAÚDE

A MATRIZ INVISÍVEL DA SAÚDE

Veja neste artigo: O  modelo biomédico de atenção à saúde. A prática da medicina e a relação médico-paciente. O sistema de saúde e a máquina de fabricar doentes. O especialista: sabendo cada vez mais sobre cada vez menos. Uma visão holística da saúde.


Apesar do grande desenvolvimento da ciência e da tecnologia médica nas últimas décadas, o homem ainda não conseguiu acabar com o fantasma da doença que, apesar de todo o progresso, continua a lhe desafiar. No mesmo noticiário de TV em que vemos cenas do último transplante de coração, fígado e pulmões, ou onde se discute a possibilidade de escolha do sexo e até da cor dos olhos do futuro bebê pelos pais, assistimos também às notícias trágicas do avanço da AIDS, das doenças cardíacas, do câncer e, como se não fosse o bastante, da cólera, da dengue e da febre amarela, doenças que julgávamos relegadas às crônicas do século passado e que agora ressurgem para ficar, parece que por muito tempo. 
O noticiário também mostra as longas filas nos postos de atendimento à saúde pública, os pacientes morrendo sobre macas nos corredores por falta de médicos nos pronto-socorros, as cenas medievais nos hospitais psiquiátricos, os medicamentos inócuos ou até prejudiciais que são colocados à venda por laboratórios inescrupulosos. 
Não poderia ser diferente. Predomina na sociedade ocidental uma forma de encarar o corpo humano e os problemas relativos à saúde e à doença segundo uma ótica própria e particular, baseada no paradigma newtoniano-cartesia no de explicação da realidade. Fundamentado nas idéias de Newton e Descartes, este paradigma tem como características principais o determinismo (conhecendo- se as leis causais dos fenômenos é possível determinar a sua evolução), o mecanicismo (concepção do universo como máquina, sujeito a leis matemáticas), o empirismo (apenas o conhecimento a partir de fatos concretos tem valor científico) e a fragmentação (a decomposição do objeto de estudo em suas partes constituintes) . 
Este paradigma serviu de modelo no século XVIII para a estruturação da maioria das ciências e práticas que hoje dominam a nossa sociedade, incluindo-se aí a Medicina como hoje é praticada baseada na Fisiologia, na Biologia, na Bioquímica, ciências estruturadas também nesse mesmo período e seguindo esse mesmo paradigma. Badeado neste paradigma é que o modelo predominante de prática médica na sociedade ocidental, o chamado modelo biomédico, tem como características principais as seguintes: 

 a) o corpo humano é (ou funciona como) uma máquina; 
 b)  a saúde é o funcionamento perfeito dessa máquina e a doença uma avaria; 
 c) cabe ao médico consertá-la. 

Esse modelo determina: 

 a) a prática da medicina, que se caracteriza basicamente pela forma como se dá a relação médico-paciente; 
 b) a organização dos sistemas de atenção à saúde; 
 c) a formação de recursos humanos na área de saúde, incluindo aí a formação médica. 

A relação médico-paciente

 A relação médico-paciente é talvez uma das relações mais ricas em significados que se estabelece entre dois indivíduos. Quando uma pessoa adoece e procura um médico seus objetivos são, à primeira vista, muito simples: ela quer ser tranquilizada, compreendida, aliviada e curada no mais breve espaço de  tempo, da maneira menos incômoda e mais barata possível. Ora, o médico, que compartilha daquela visão do corpo como máquina, raramente considera a dimensão humana do seu doente e poucas vezes o vê como uma pessoa que se sabe doente, sabe algo sobre a sua doença e tem algum tipo de idéia sobre a cura. 
O conceito de  doença também difere, dependendo da ótica pela qual é visto. Para o médico, é uma alteração do equilíbrio físico ou psíquico, caracterizada por um conjunto de sintomas e sinais clínicos que devem ser pesquisados através de uma série de exames, levando a um diagnóstico, com terapêutica e evolução determinadas. Para o doente, a doença é um transtorno que lhe impede de trabalhar, lhe acarreta perda de tempo e de dinheiro e lhe tira a tranquilidade, fazendo-o vivenciar um dos mais antigos sentimentos do homem: o medo da Morte. 
Configura-se aí uma situação singular: tem-se frente a frente duas pessoas, uma das quais se encontra em situação privilegiada de dominação sobre a outra e com idéias totalmente contrárias sobre o mesmo episódio que os uniu: a doença. 

Uma relação de poder 

Por imposições de ordem econômica a que é submetido, o médico é geralmente um homem atarefado, com horários a cumprir, limitado por normas da empresa médica a que serve, seja ela privada ou pública. Durante a consulta, surgem novas perplexidades. O paciente é submetido a um interrogatório recheado de perguntas para ele totalmente destituídas de sentido e de qualquer utilidade prática.
A pressa em atender faz com que o médico se impaciente com a demora nas respostas e o resultado é um paciente atemorizado, confuso e finalmente mudo, sendo frustrada aí qualquer possibilidade de comunicação. Ao fim da consulta, levando na mão uma receita escrita com letra incompreensível e que não lhe foi sequer explicada, o doente se vê invadido por um sentimento de abandono e frustração que anula qualquer intenção de seguir a orientação médica. 
Finalmente, a relação médico-paciente se processa como uma relação de poder, autoritária, onde se exige a submissão do doente ao "aparelho médico" e isso se faz limitando o controle que o leigo exerça ou possa exercer sobre o saber médico. O poder médico se exerce tanto pelo domínio de termos e técnicas próprias inacessíveis ao leigo como pela interferência cada vez mais ampla em domínios até então da competência do próprio indivíduo, como os cuidados com a gestante, o parto e os cuidados com a criança, por exemplo. 
Eventos que antes aconteciam de forma natural são tecnificados, medicalizados, e o indivíduo vai se tornando cada vez mais incapaz para lidar com os aspectos fisiológicos de sua vida como, por exemplo, o parto, a amamentação e os cuidados com as crianças. Nem a Morte consegue escapar da invasão da técnica, já que não se permite mais que o paciente morra sossegado. Em vez de morrer dignamente em sua cama, cercado pelo afeto e compreensão dos familiares, fazendo suas últimas recomendações, o indivíduo fica numa fria e impessoal sala da UTI, perfurado por agulhas e conectado a tubos, porque a medicina, por não saber lidar com a Morte, recusa-se a permitir que ela aconteça, seguindo o curso natural da Vida. 

A máquina de fabricar doentes

Os serviços de atenção à saúde, tanto públicos como privados, também se organizam de acordo com a concepção mecanicista do organismo. Assim é que existe a organização hierarquizada dos serviços de  saúde pública, com graus crescentes de especialização, onde o doente penetra no sistema e vai caminhando ao longo dele como numa imensa linha de montagem até chegar aos grandes centros de tecnologia médica cujo apanágio é o Instituto do Coração de São Paulo. 
Concebido como uma máquina, o sistema deve ter a capacidade de absorver a maior quantidade possível de indivíduos doentes e devolvê-los como saudáveis. Para isso, grandes quantias são gastas no aperfeiçoamento da máquina, para que ela tenha condições de processar uma quantidade cada vez maior de doentes. Essas quantias são desviadas da medicina preventiva e de outros programas que impediriam ou diminuiriam a ocorrência de doenças. E esse é um problema difícil de sanar pois, como já se investiu bastante na máquina, não se pode agora desativá-la, o que fatalmente ocorreria se a medicina preventiva diminuísse o número de doentes. É semelhante a aumentar o contingente e equipar cada vez mais a polícia para acabar com a violência. O máximo que se pode conseguir é transformar a sociedade numa praça de guerra, com dois exércitos - policiais e bandidos - a se entrematarem furiosamente. 
Parece que já nos encontramos perto dessa situação no que se refere à saúde pública. De um lado uma estrutura gigantesca de atenção à saúde com todos os vícios e problemas acarretados pelo seu exagerado tamanho. Do outro, um número cada vez maior de pessoas doentes, que buscam - e raramente conseguem - tratamento médico adequado. 

A arte do diagnóstico 

Um terceiro aspecto é a formação de recursos humanos na área de saúde. E aqui saliento principalmente o treinamento do médico, pois esta é a categoria que desfruta de maior status nessa área, e suas concepções servem de modelo para a maioria dos outros profissionais. 
O médico é um profissional treinado para fazer diagnósticos. A nosologia, ou seja, o conjunto de doenças estudado na escola médica, é geralmente aquilo que se chama "doenças universitárias" , quadros clínicos bem delineados, sintomas e sinais aparecendo na ordem determinada, métodos diagnósticos e terapêutica acompanhando o quadro. Os professores têm o hábito de selecionar para as aulas práticas aqueles pacientes "típicos", que apresentam o quadro clínico como descrito nos compêndios, o chamado paciente "de livro". 
Na prática diária, porém, os pacientes apresentam habitualmente quadros obscuros, superpostos, sintomas vagos e indefinidos. Aos agentes etiológicos tradicionais, como os vírus e as bactérias, somam-se aqueles mais imponderáveis e que não são controláveis por medicamentos ou conduta terapêutica específica: stress, poluição, subnutrição, acidentes de trabalho e neuroses, todos decorrentes da deterioração da qualidade de vida. Nesta situação, o profissional pouco pode fazer pelo seu doente, até porque não foi preparado para lidar com essas questões. 
A formação médica na maioria das escolas é dissociada das preocupações sociais. Questões fundamentais que dizem respeito a condições de habitação, alimentação, educação, emprego,  migrações, meio ambiente, cultura e tradição são raramente discutidas. Tudo aquilo que extrapola o biológico é relegado a segundo plano e encarado com pouco interesse, como "problema social", da alçada de outros profissionais, e não do médico. 
O médico não é preparado para trabalhar a Dor e a Morte. Isso se revela na falta de habilidade com que ele trata essas duas questões que são tão frequentes no seu dia a dia. A Dor é reduzida a um sintoma e tratada pela negação, com analgésicos, sem que seja buscado primeiro seu significado. Na prática diária, o médico ignora a dor do paciente, chegando por vezes às raias da insensibilidade. Quanto à Morte, é considerada uma "inimiga", que ele precisa "derrotar", arrancando o paciente de suas "garras". Quando não o consegue e vê "perdida" a batalha, muitas vezes abandona o paciente à própria sorte, desaparecendo do hospital na hora em que a família e o paciente mais precisam dele, não para evitar a morte mas para ajudá-los a superar o trespasse. 
Talvez em virtude desse stress psicológico de ter que lidar com questões profundamente existenciais para as quais  não está preparado, e por enfrentar no exercício da profissão uma competitividade tão exagerada,   estudos publicados nos Estados Unidos mostram que as condições de stress em que vivem os médicos os colocam, ao lado dos publicitários, entre os profissionais que apresentam maiores prevalências de alcoolismo, suicídio e enfarte, além de viverem dez a quinze anos menos do que a maioria da população. 

O especialista 

À medida que acontecem os progressos da ciência, a Medicina se transforma cada vez mais no terreno da especialização. O clínico geral, ou o médico de família, não mais existe, tendo sido tentada várias vezes - sem sucesso - a sua ressurreição por alguns programas do governo. Os meios de comunicação, por sua vez, cercam de uma aura quase divina os super especialistas, aqueles que só operam o dedo polegar da mão direita ou os que interpretam apenas a onda P do eletro-cardiograma. A medicina,  refletindo o dualismo cartesiano, continua a se dividir em dois setores estanques: a clínica, que cuida do corpo, e a psiquiatria, que cuida da mente, como se a mente e o corpo fossem coisas separadas, como se não fizessem parte de um todo uno e indivisível. 
É claro que com o avanço da tecnologia médica muitas situações que antes levavam o paciente à Morte não são mais fatais hoje em dia. Conseguimos controlar muitas doenças que há cinquenta anos atrás ceifavam vidas preciosas e melhoramos as condições de vida de muitos pacientes que hoje viveriam miseravelmente sem o concurso de aparelhos ou medicamentos atualmente utilizados. 
Não se trata, portanto, de abolir a especialização. O clínico geral não pode dominar todos os campos do saber, mesmo porque o progresso científico é muito rápido, e seria impossível acompanhá-lo nas suas mais diversas frentes. Não obstante, a ênfase na especialização faz com que se perca de vista a totalidade do ser humano e o funcionamento do organismo como um  sistema vivo cujos componentes são interligados e interdependentes, e fazendo parte de sistemas maiores que o afetam mas que podem também ser por eles modificados. 
O resgate dessa percepção ecológica exige modificações profundas na nossa forma de perceber as questões relacionadas ao processo saúde-doença, além de implicar no desejo sincero de assumir a responsabilidade pessoal pelo bem estar de cada um, tanto a nível individual como coletivo, e o entender a totalidade como qualidade inerente e básica ao ser humano. 

Uma abordagem holística da saúde. 

A primeira e fundamental característica dessa abordagem é entender que saúde e doença em sentido absoluto não existem. Ambas fazem parte de uma totalidade, de um processo, e a prova disso é que não se consegue definir uma sem falar na outra. É, portanto, preferível referirmo-nos ao "processo saúde-doença", expressão esta que se aproxima mais do que queremos transmitir. 
Dentro da visão holística, o estado de saúde pode ser definido como um estado de harmonia entre o corpo, a mente e o ambiente. Nele, o indivíduo traz dentro de si, harmônicas e equilibradas, as duas tendências básicas dos organismos: a tendência auto-afirmativa, que o faz identificar- se como indivíduo único e pessoal, consciente de sua individualidade, e a tendência integrativa, que lhe dá a consciência de ser e se sentir parte de todos maiores, integrando-se na harmonia cósmica. 
É por isso que, dentro desse enfoque, não se vê a doença como um conjunto de sinais e sintomas, que devem ser suprimidos ou controlados por medicamentos ou procedimentos terapêuticos agressivos. A doença é tão somente reflexo de uma desarmonia ou de um conflito e deve ser observada e estudada para que se busque a causa subjacente. Essa observação pode incluir variados instrumentos e procedimentos para diagnóstico e tratamento - alguns até não ortodoxos. 
Em vez da ênfase nos medicamentos e cirurgia, privilegiam- se as técnicas não agressivas como exercícios físicos, regimes alimentares, e a busca da integridade corpo-mente através de técnicas as mais variadas que vão desde as disciplinas físicas como dança, ioga, tai-chi-chuan até disciplinas espirituais como meditação. O efeito placebo deixa de ser encarado como um "truque" que dá certo apenas em pessoas "nervosas" ou impressionáveis e passa a ter a sua dimensão real, que é a de ativar capacidades previamente existentes no cérebro que podem levar à cura, demonstrando de forma cabal o papel da mente na geração da doença e sua conseqüente potencialidade para afastá-la. 
Ao contrário do modelo biomédico, no qual se privilegia o dado quantitativo obtido em laboratório através de testes e exames, na visão holística o diagnóstico se baseia principalmente em dados qualitativos como os relatos subjetivos dos pacientes e na própria intuição de profissionais. 
Exatamente por isso é que se exige um envolvimento emocional com o paciente que não existe e é até condenado pelos mestres durante a formação médica. Esse envolvimento é considerado fator importante para a compreensão que ambos - médico e paciente - terão do processo e implica em transformar radicalmente tanto a relação entre os dois como cada um individualmente. Aí, é necessário que o médico abdique do poder nessa relação, abra mão de sua autoridade e passe a se colocar como parceiro terapêutico, conferindo ao paciente a responsabilidade pelo seu próprio trata-mento, ajudando-o como profissional treinado  a encontrar o caminho de sua cura. 
Nesse contexto, a cura é buscada não apenas na eliminação dos sintomas mas num movimento para restabelecer o relacionamento com o universo, um sentimento de que é possível ter a integridade e saúde de volta tão logo sejam descartados os sentimentos e emoções negativas como o medo, o ceticismo, a raiva e a frustração. 
Nessa abordagem, o corpo e a mente não são separados, e os males psicossomáticos são da alçada de todos os profissionais de saúde e não apenas dos psiquiatras. A doença mental passa a ser vista como uma falha na avaliação e na integração da experiência e os sintomas refletem tão somente a tentativa do organismo de curar-se e atingir um novo nível de integração. Por isso não devem ser suprimidos mas trabalhados, para que o novo nível seja atingido. 

Uma nova especialidade médica? 

A saúde holística não é uma especialidade, nem uma disciplina que, por uma reforma curricular, passe a ser ensinada na escola médica. Ela é uma perspectiva, uma forma de abordar a realidade na busca de superar o dualismo, a fragmentação e o mecanicismo newtoniano-cartesia no. Implica em uma revisão da nossa própria maneira de encarar e de viver no mundo, tanto como terapeutas como quanto pacientes. Propõe uma nova forma de perceber e tratar a tensão, de aceitar a responsabilidade pelas nossas ações e permitir que os outros assumam as suas. Valoriza a noção de um objetivo, de um projeto de vida e busca relacionamentos humanos mais satisfatórios e mais criativos. 
Finalmente, faz-nos reconhecer o profundo significado da dimensão espiritual no esquema do universo e nos mostra que a harmonia que buscamos não pode ser encontrada em medicamentos, tratamentos ou terapeutas, por melhores que estes sejam. Essa harmonia está dentro de nós, emana da nossa essência divina, do corpo-mente, que é a verdadeira matriz invisível da saúde. 

Glândula Timo o Centro da Coragem

Tags: glândula timo  rins  medo  Sonia Hirsch
Ponto que batemos para fechar conexão com a coragem, que significa coração que age ou ação no coração. Por que? No tocar o timo, buscamos uma força, uma confiança para agir e conquistar aquela meta.
Já que o tema deste mês é o terrorismo da Gripe Suína, achei de utilidade colocar em evidência este oportuno texto da escritora Sonia Hirsch.
No meio do peito, bem atrás do osso onde a gente toca quando  diz "eu", fica uma pequena glândula chamada timo. Seu nome em grego, thýmos, significa energia vital. Precisa dizer mais?
Precisa, porque o timo continua sendo um ilustre desconhecido. Ele cresce quando estamos contentes, encolhe pela metade quando estressamos e mais ainda quando adoecemos.
Essa característica iludiu durante muito tempo a medicina, que só o conhecia através de autópsias e sempre o encontrava encolhidinho. Supunha-se que atrofiava e parava de trabalhar na adolescência, tanto que durante décadas os médicos americanos bombardeavam timos adultos perfeitamente saudáveis com megadoses de raios X achando que seu "tamanho anormal" poderia causar problemas.
Mais tarde a ciência demonstrou que, mesmo encolhendo após a infância, continua totalmente ativo; é um dos pilares do sistema imunológico, junto com as glândulas adrenais e a espinha dorsal, e está diretamente ligado aos sentidos, à consciência e à linguagem. Como uma central telefônica por onde passam todas as ligações, faz conexões para fora e para dentro.
Se somos invadidos por micróbios ou toxinas, reage produzindo células de defesa na mesma hora.
Mas também é muito sensível a imagens, cores, luzes, cheiros, sabores, gestos, toques, sons, palavras, pensamentos.
Amor e ódio o afetam profundamente.
Idéias negativas têm mais poder sobre ele do que vírus ou bactérias. Já que não existem em forma concreta, o timo fica tentando reagir e enfraquece, abrindo brechas para sintomas de baixa imunidade, como herpes.
Em compensação, idéias positivas conseguem dele uma ativação geral em todos os poderes, lembrando a fé que remove montanhas. 
 
O teste do pensamento
Um teste simples pode demonstrar essa conexão. Feche os dedos polegar e indicador na posição de ok, aperte com força e peça para alguém tentar abrí-los enquanto você pensa " estou feliz". Depois repita pensando " estou infeliz".
A maioria das pessoas conserva a força nos dedos com a idéia feliz e enfraquece quando pensa infeliz. Substitua os pensamentos por uma bela sopa de legumes ou um lindo sorvete de chocolate para ver o que acontece...
Esse mesmo teste serve para lidar com situações bem mais complexas. Por exemplo, quando o médico precisa de um diagnóstico diferencial, seu paciente tem sintomas no fígado que tanto podem significar câncer quanto abcessos causados por amebas. Usando lâminas com amostras, ou mesmo representações gráficas de uma e outra hipótese, testa a força muscular do paciente quando em contato com elas e chega ao resultado.
As reações são consideradas respostas do timo e o método, que tem sido demonstrado em congressos científicos ao redor do mundo, já é ensinado na Universidade de São Paulo (USP) a médicos acupunturistas.
O detalhe curioso é que o timo fica encostadinho no coração, que acaba ganhando todos os créditos em relação a sentimentos, emoções, decisões, jeito de falar, jeito de escutar, estado de espírito..." Fiquei de coração apertadinho" , por exemplo, revela uma situação real do timo, que só por reflexo envolve o coração.
O próprio chacra cardíaco, fonte energética de união e compaixão, tem mais a ver com o timo do que com o coração - e é nesse chacra que, segundo os ensinamentos budistas, se dá a passagem do estágio animal para o estágio humano.
"Lindo!", você pode estar pensando, "mas e daí?".
Daí que, se você quiser, pode exercitar o timo para aumentar sua produção de bem estar e felicidade. Como? Pela manhã, ao levantar, ou à noite, antes de dormir.
a) Fique de pé, os joelhos levemente dobrados. A distância entre os pés deve ser a mesma dos ombros. Ponha o peso do corpo sobre os dedos e não sobre o calcanhar, e mantenha toda a musculatura bem relaxada.
b) Feche qualquer uma das mãos e comece a dar pancadinhas contínuas com os nós dos dedos no centro do peito, marcando o ritmo: uma pancadinha forte e duas fracas.
Continue por três a cinco minutos, respirando calmamente, enquanto observa a vibração produzida em toda a região torácica. O exercício estará atraindo sangue e energia para o timo, fazendo-o crescer em vitalidade e beneficiando também pulmões, brônquios, coração, rins, baço e garganta. Ou seja, enchendo o peito de algo que já era seu e só estava esperando um olhar de reconhecimento para se transformar em coragem, calma, nutrição emocional, abraço.
Ótimo, ìntimo, cheio de estímulo. Bendito Timo!



INTESTINO (Sete metros de encrenca)


Alergias, artrites, dores de cabeça, problemas de pele, tumores - esses e vários outros problemas de saúde que afligem as pessoas na nossa civilização industrializada estão relacionados ao mau funcionamento do intestino.

O intestino representa a terceira etapa que os alimentos ingeridos nas refeições devem atravessar em sua viagem dentro de nós. Eles passam primeiramente pela boca, onde devem ser bem mastigados e misturados à saliva, depois pelo estômago, onde acontece boa parte da digestão, e finalmente por esse longo tubo onde a digestão se completa – o intestino. Neles são absorvidos os nutrientes e aquilo que resta do bolo fecal é tornado semissólido para poder ser eliminado. Como consequência desse processo, pelo menos três vezes ao dia transitam no intestino os alimentos e as bebidas que consumimos nas refeições principais.
Na primeira metade do século 20, Sir Arbuthnot Lane, cirurgião do rei da Inglaterra, se especializou na amputação de trechos doentes do intestino e em costurar as pontas que sobraram para fazer com que o órgão recobrasse sua capacidade de funcionamento. Ele observou um curioso fenômeno: alguns meses depois de passar por intervenções no cólon, alguns pacientes se curavam de doenças que não tinham, aparentemente, nenhuma ligação com o órgão operado. Entre eles, um rapaz sarou de uma grave forma de artrite e uma mulher se curou completamente do bócio que a fazia sofrer.
Essas e outras experiências convenceram o cirurgião Lane de que a intoxicação intestinal – sobretudo a do cólon – podia contribuir para o adoecimento de outras partes do organismo que pareciam não ter relação com os intestinos.
Ainda hoje, a medicina oficial declara não ter descoberto a causa de muitas doenças que afligem a humanidade, entre elas o câncer, tumores, doenças autoimunes, vários problemas da pele (psoríase, etc.), alergias ambientais e alergias e intolerâncias alimentares, as quais são cada vez mais numerosas.
Por que ainda não se descobriram as causas desses males? Segundo o médico e escritor norte-americano Bernard Jensen, porque, ao examinar casos de intoxicação orgânica, a medicina leva em consideração apenas os venenos que podem chegar do meio externo (fungos, substâncias químicas, gases, etc.) e não avalia aqueles que podem ser criados no intestino e se difundir para o resto do organismo, prejudicando a boa saúde de outras áreas dele. Essa falha é surpreendente. Até poucos anos atrás, a limpeza intestinal era considerada muito importante, e a purga mensal, bem como os periódicos enemas dos quais as pessoas mais velhas certamente se recordarão, era um sinal evidente disso.


O intestino, com sua notável área de contato com os produtos da digestão (cerca de 300 metros quadrados de superfície!), representa um dos “órgãos” mais influentes do corpo. Ele executa importantes funções digestivas, promove a absorção dos nutrientes e colabora com os rins, a pele e os pulmões nos processos de eliminação de detritos.
As últimas partes do intestino – o cólon (ou intestino grosso) e o reto – são certamente as mais relevantes. Nessas áreas, graças às enzimas e à flora bacteriana, a digestão se completa e substâncias fundamentais são absorvidas: a água, os aminoácidos (constituintes das proteínas) e muitos dos produtos medicinais que usamos.
O que acontece quando as paredes do cólon não são sadias?

Acontece algo muito perigoso para a boa saúde: a mucosa se inflama e perde sua impermeabilidade, ou seja, permite que substâncias tóxicas, alguns parasitas e fragmentos de alimento não bem digeridos a atravessem e entrem nos líquidos orgânicos (o sangue e a linfa).
Tais substâncias nocivas, difundindo- se no organismo inteiro, podem gerar os sintomas mais diversos. A relação inclui enxaquecas e hemicranias crônicas, alergias, acnes, psoríase e outras doenças da pele, distúrbios da próstata, diverticulite, graves prisões de ventre, prolapsos intestinais, artrites, reumatismos, problemas cardíacos, asma, problemas respiratórios, nódulos das mamas, perda de vitalidade, cansaço, depressão, falta de concentração, agressividade, ataques de pânico, infecção, inflamações, poliartrite, problemas dos cabelos, parasitoses intestinais que produzem o bruxismo (ranger de dentes noturno) e muitos outros distúrbios.

Examinemos algumas condições responsáveis por fazer do nosso intestino o ponto inicial de tantas disfunções e doenças que, num primeiro momento, ninguém iria associar a esse órgão. Fundamentalmente, até mesmo numa pessoa sadia é possível se encontrar uma ou mais das seguintes anomalias:

1. Incrustações fecais2. Disbiose intestinal3. SII (síndrome do intestino irritável)4. Síndrome de hiperpermeabilidade intestinal5. Glúten e doença celíaca

1 As incrustações fecais

“Metade das pessoas que declaram gozar de boa saúde carrega continuamente dentro de si, desde a infância, vários quilos de substâncias que nunca foram eliminadas”, afirma o professor médico Arnold Ehret. “Para essas pessoas, uma boa evacuação ao dia não tem nenhum significado.”
Quando pensamos na farinha de trigo, sentimos gratidão, imaginando que com ela se mata a fome da humanidade desde os primórdios da história. É preciso, porém, deixar claro que a farinha usada nos tempos passados era integral, e as donasde- casa que tentaram fazer com ela massa para pão sabem muito bem quanto é difícil trabalhá-la sem misturá- la com farinha branca normal.
Mas a farinha branca, infelizmente, apresenta um grave inconveniente, perigoso e pouco conhecido: ela cola! Isso é fácil de verificar cozinhando a fogo baixo farinha branca e água: cria-se uma cola tão boa que até hoje é usada para encadernar livros antigos.
Com o passar dos anos, os alimentos que contêm farinha branca deixam uma camada sobre as paredes do intestino, especialmente sobre a parte final deles, o intestino grosso ou cólon. Essa pátina, acumulandose mais e mais a cada dia, pode se tornar tão espessa que no espaço central do intestino (o chamado lúmen) fica difícil passar um lápis.
Uma das maiores causas dos problemas intestinais, especialmente os do cólon, é essa pátina que, ao longo dos anos, se torna uma verdadeira incrustação, parecida, nas palavras do doutor Jensen, aos pneus de um automóvel! Claro, essas incrustações não são as únicas responsáveis. A elas deve-se acrescentar a vida sedentária, a poluição ambiental, o uso de medicamentos não naturais, uma alimentação não balanceada, demasiado rica em açúcares, alimentos refinados e aditivos químicos e, ao mesmo tempo, pobre de elementos importantes como fibras, vitaminas e sais minerais.
A tudo isso é preciso acrescentar o estresse, que determina uma alteração das paredes intestinais, provocando contrações excessivas ou insuficientes. Essa condição não apenas causa um acúmulo de escórias e um aumento das incrustações fecais antes descritas, mas pode influenciar a flora bacteriana, tornando mais lentos e menos eficazes os processos biológicos próprios do intestino.

2 A disbiose intestinal

No cólon existe uma notável flora intestinal, passível de modificações que a tornam muito perigosa para a saúde. Quando a flora é equilibrada e útil ao organismo, ocorre uma condição de saúde que tem o nome de eubiose. Ao contrário, quando essa flora está desequilibrada (condição, infelizmente, muito difundida na atualidade), toma o nome de
disbiose, e suas consequências podem ser nefastas.
Uma alimentação pouco inteligente (muitos açúcares e proteínas, combinações erradas de alimentos, pouca ou nenhuma mastigação), refeições ingeridas de modo apressado e uso de laxantes, antiácidos, antibióticos, etc. criam um produto da digestão (um “bolo”) rico de proteínas mal digeridas e outros elementos anômalos que predispõem ao desenvolvimento de várias substâncias tóxicas e bactérias da putrefação, ambas muito danosas. Tudo isso, infelizmente, contribui para o forte aumento estatístico das patologias graves do cólon, como diverticulites, pólipos, retocolites ulcerosas e tumores.

3 SII (síndrome do intestino irritável)

A SII (síndrome do intestino irritável) é uma patologia que faz o intestino “espremer” o alimento ingerido de modo excessivamente débil ou forte, fazendo com que o trânsito desse alimento seja demasiado lento ou veloz.
Às vezes, a SII é provocada pela ansiedade ou pelo estresse. No entanto, muitas outras vezes, os testes que determinam a permeabilidade e a motilidade intestinal revelam a presença de fungos, parasitas e/ou bactérias patogênicas. Os micróbios mais comumente encontrados em situações do gênero são o Blastocystis hominis e as várias espécies de cândida.
Se se permite que a SII prossiga no tempo sem o devido tratamento, ela pode dar origem a desordens muito sérias, como a infecção por cândida, a sensibilidade química múltipla, a síndrome da fadiga crônica, muitas doenças autoimunes e até mesmo o câncer.
Vale notar que raras vezes os tratamentos médicos conseguem eliminar a SII. Para seu tratamento efetivo, são mais adequados os remédios naturais. Eles devem ser dirigidos à remoção das causas, à melhora das funções gastrointestinais e à cura da mucosa intestinal.

4 Síndrome de hiperpermeabilidade intestinal
Diversos problemas de saúde surgem por conta do mau funcionamento do intestino, muitas vezes causado pelo estado precário de suas paredes, que perderam a necessária impermeabilidade. Essa patologia é chamada de “perda de impermeabilidade da mucosa intestinal”. Há fortes suspeitas de que essa perda é a causa básica de várias patologias, entre as quais doença celíaca, infecção por cândida, doença de Crohn, infestação por giárdias, eczema atópico, problemas digestivos, fadiga crônica, alergias alimentares, intolerâncias alimentares, asma, dores de cabeça e artrite.
A patologia acontece quando, nas paredes do intestino, os espaços entre as células se ampliam a ponto de possibilitar a passagem e a subsequente entrada de substâncias tóxicas na corrente sanguínea. Essa condição anômala permite às gorduras e aos dejetos que não puderam ser absorvidos (bactérias, fungos, parasitas com suas toxinas, proteínas não digeridas) “gotejar para fora” e entrar na corrente sanguínea.
Considerando- se a vasta superfície da mucosa intestinal e sua grande capacidade de absorção, pode-se compreender quanto é importante que ela permaneça perfeitamente impermeável, para evitar que as substâncias tóxicas possam ser lançadas nos líquidos externos (sangue e linfa) e distribuídas no corpo todo, criando múltiplas disfunções e doenças.
Dessa distribuição de venenos deriva uma série de distúrbios de caráter geral que, à primeira vista, parecem não ter nenhuma relação com o intestino: dores de cabeça, nervosismo, ansiedade, depressão, mau hálito, rinites, acne, dermatites, eczemas, fadiga crônica, envelhecimento da pele, dores nas articulações, artroses, etc. Essa invasão provoca também uma forte baixa das defesas orgânicas, pois no intestino existem entre 100 e 200 “placas de Peyer” (aglomerados de nódulos linfáticos localizados principalmente na mucosa do íleo, que têm a mesma atividade das tonsilas: produzir substâncias que protegem a mucosa contra a ação de micróbios), essenciais para a manutenção do nosso potencial imunológico. Isso, obviamente, abre as portas a várias alergias e intolerâncias alimentares.

5 Glúten e doença celíaca
O glúten é uma proteína que, infelizmente, está cada dia mais presente na nossa alimentação. Ao contrário da crença comum que o associa sobretudo ao pão e ao macarrão, o glúten existe também em vários outros cereais (trigo, cevada, farro, centeio, sorgo) e, obviamente, em todos os seus derivados. Às vezes o glúten é utilizado para tornar mais densos cremes e pudins, no presunto cozido e em embutidos como salames, mortadelas, salsicha e inclusive em alguns medicamentos.
Com o passar dos anos, especialistas em agricultura selecionaram cereais com conteúdo cada vez maior de glúten. Do farro com pouquíssimo glúten, como aquele usado na Europa na época dos antigos romanos, passou-se ao trigo, que contém muito glúten.
A grande utilização atual do glúten advém do fato de que essa substância torna as massas mais macias e elásticas – uma grande vantagem na panificação, pois assim o pão fica mole e não se esfarela quando cortado em fatias.
Arroz, milho e trigo-sarraceno não contêm glúten. Ainda não foi bem definida a sua quantidade na aveia e no cereal quinoa. Mas o seitan (produto de linha macrobiótica) contém 100% de glúten!
Esse é o motivo pelo qual se prescreve uma “dieta branca” aos que sofrem de gastroenterites, de doenças do aparelho digestivo ou de fenômenos de infecção generalizada. Essa dieta se baseia em arroz cozido e água de arroz.
São relativamente comuns as alergias ao glúten, nas quais a resposta imunológica é similar àquela que acontece nas demais doenças alérgicas de origem alimentar, com o aparecimento de vários sintomas. Às vezes, essas alergias podem desembocar numa moléstia autoimune extremamente grave, a doença celíaca. Nessa patologia, o sistema imunológico cria anticorpos contra o glúten e pode destruir as vilosidades intestinais e/ou gerar caquexia (estado de magreza extrema), e inclusive levar à morte.